
Tive a felicidade de participar desde, a abertura até a clausura, deste evento em Córdoba, sediado na gigante e pública Universidade Nacional de Córdoba (UNC). Como todo congresso acadêmico, trata-se de uma grande feira de informações e experiências, onde se aprende e se troca saberes em vários sotaques. Mas, no caso da nossa área, esses saberes teóricos são vivamente partilhados e resinificados nos ambientes das mais diversas modalidades de arquivos. Daí a confluência enriquecedora de estudantes, mestres, doutores, especialistas e trabalhadores dos arquivos, ou melhor, militantes dessa causa, pois é isso que somos.
Foto/Marcelo Antônio Chaves

Foto/Marcelo Antônio Chaves

Nossa área é uma Ciência Aplicada, e isso quer dizer que ela só encontra sentido na aplicação imediata e dialética daquilo que é concebido na esfera do pensamento. Essa mescla de acadêmicos, trabalhadores e militantes é inevitável, enriquecedora e traz uma beleza singular aos nossos encontros.
Até o fechamento da edição desta Revista, ainda não dispunha dos números do Congresso, que serão divulgados pelos organizadores. Mas já se sabe que este foi um sucesso, seja do ponto de vista da dimensão, do conteúdo e das atividades realizadas, seja do ponto de vista da organização e logística. A equipe de apoio, majoritariamente estudantes do curso de Arquivologia da UNC, de uma presteza e gentileza que me pareceu muito comum em toda cidade. Nem a chuva, nem o frio, nem os fortes ventos e o granizo que tombou barulhento esfriaram o evento. Pelo menos, esse é o meu olhar estrangeiro. Os organizadores têm muito, muito mais a dizer!
Foto/Marcelo Antônio Chaves

Entretanto, há muito já se sentem algumas dores de crescimento, algo já patente em eventos do mesmo porte, de outras áreas. Por exemplo: o grande número de participantes ativos que torna o tempo das apresentações muito curto, prejudicando o conhecimento e o debate. Nesse sentido, sinto que estamos todos ainda longe de soluções exequíveis.
Não obstante, assisti a boas conferências e ponencias, como se fala na língua hegemônica do Congresso. Algumas resultantes de pesquisas ainda iniciais de estudantes que já demonstram querer delimitar a originalidade de suas investigações; outras, frutos de experiências mais consolidadas que, mesmo ao tratarem de assuntos bem conhecidos, demonstram vigor de renovação e peculiaridade.
Das visitas guiadas disponibilizadas, realizei duas delas: no Archivo Provincial de la Memória, no âmago do Caco Histórico (singelo, emocionante. De tirar o fôlego) e no Archivo Histórico de la Provincia de Córdoba, que se situa em uma das inúmeras, grandes e belas praças da cidade (moderno e muito bem organizado, aparentemente).
Foto/Marcelo Antônio Chaves


Porém, o que segue sempre impressionando é o rol de assuntos e abordagens produzidos nessa área que, para quem dela não participa, parece ser árida e até estéril. É só aparência. E só para que não é de “dentro”. Os campos teórico-temáticos são vastos, mas também as realidades históricas dos arquivos e seus sujeitos, lá no chão, são de uma diversidade tamanha que parece difícil se ajustar numa linguagem padronizada.
Direitos humanos, arquivos e documentos digitais, avaliação documental, políticas de acesso à informação, transparência, preservação de documentos em papel e nos mais diversos suportes, administração pública, diplomática, aspectos profissionais da carreira, docência na área, controle de vocabulário, redes, desenvolvimento de sistemas, estudos de usuários...ou seja, tudo isso a almejar o que se convenciona chamar (e deu título temático ao Congresso) de sociedade do conhecimento. Conceito um tanto disforme, pretencioso e, talvez, ainda muito distante, a compor o rol da nossa utopia.
Foto/Marcelo Antônio Chaves

Mas, devo confessar uma última impressão: o tema da difusão em arquivos um dos que mais requer impulsão de reflexões na área. Confesso que me vi um tanto isolado de interlocutores. Mas, isso não é ruim. É uma constatação a ser refletida. Temos muito campo a desbravar. Ao término da mesa em que fiz a minha brevíssima apresentação, intitulada Difusão em arquivos: difundir o quê, fui abordado por vários congressistas interessados no assunto.
Aliás, para quem tiver interesse, já estão disponíveis os Anais do XII CAM em http://redarchiveroscordoba.com/editorial/xii-cam/
Como de praxe, só nos albores do evento ficamos conhecendo a próxima arena de debates: MONTEVIDÉU, URUGUAI, provavelmente, também no mês de setembro de 2019.
Por fim, fica a certeza de que o nosso Arquivo, que é referência na área, deva se engajar com mais amplitude e força nesse que é o maior evento de Arquivos do nosso Continente.
Foto/Marcelo Antônio Chaves

PARABÉNS AOS ORGANIZADORES DESSE GRANDE EVENTO!