No extenso território do Arquivo Público do Estado de São Paulo - APESP, em uma das salas técnicas, localizada no prédio mais antigo da atual sede do APESP, trabalham Altieris Araújo, Edilmar Barbosa e Décio dos Santos. O setor de atuação dos três é no Núcleo de Acondicionamento e Encadernação (NAE), um dos mais comentados e admirados durante as visitas monitoradas, e que tem a missão de proteger e guardar os documentos; tarefa nada fácil, mas feita com maestria pela equipe.
“O Núcleo de Acondicionamento e Encadernação foi criado na reestruturação do APESP em 2009, pois antes disso todas as atividades de acondicionamento e encadernação eram desenvolvidas pelo setor de Preservação, que, na época, era um Núcleo. Hoje, com estrutura própria, o NAE é uma grande ferramenta para a preservação do documento”, comenta Altieris.

Foto/APESP-CDAP

O Arquivo Público do Estado de São Paulo é uma das poucas instituições que ainda confeccionam seus próprios acondicionamentos, o que eleva o grau de cuidado, destreza e organização. “A grande vantagem de se ter um Núcleo com infraestrutura e funcionários capacitados proporciona um trabalho com muito mais qualidade para a elaboração e produção dos acondicionamentos, no momento e no formato exato em que o Arquivo precisar”, afirma o diretor.
Edilmar, mais conhecido como Edi, está há 18 anos no Arquivo. “Com a criação do Núcleo de Acondicionamento, as coisas evoluíram bastante. Todo esse período de trabalho no APESP tem sido bom, colaborando para a minha formação; aprendi não só as técnicas de encadernação e acondicionamento, mas conceitos de Conservação, História e Arquivologia”, ressalta.
A cada novo projeto, a equipe de acondicionamento divide suas tarefas em três etapas:
I – Analisar o conjunto documental e mensurar suas especificações;
II - Escolher o material de acondicionamento adequado para cada suporte e desenhar croqui para confecção de faca gráfica ou para corte manual;
III – Produzir os acondicionamentos.
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Na elaboração, o grupo trabalha em conjunto. “O planejamento do acondicionamento adequado tem que ser bem criterioso, pois consiste na análise dos seguintes fatores: local de guarda, suporte do documento e a escolha do material para confecção do acondicionamento. Vale salientar que os materiais a serem usados devem ser estáveis quimicamente e resistentes a agentes de degradação”, ressalta o diretor.
O modo do trabalho é singular. As principais ferramentas utilizadas para confecção dos acondicionamentos são: máquinas de corte e vinco, guilhotinas elétrica e manual, encadernadora espiral e seladora.
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A Equipe
Altieris de Melo Araújo é o diretor do Núcleo de Acondicionamento e Encadernação. Trabalha no Arquivo há oito anos, sendo quatro no acondicionamento, e há oito meses exerce a função de diretor.
Edilmar José Barbosa é o mais antigo na equipe. Está no Arquivo há 18 anos. Sempre atuou na área de conservação.
Décio Correa dos Santos está há 10 anos no Arquivo. Sete destes, passou na administração. Antes, nunca tinha trabalhado com acondicionamento.
O trabalho harmônico e técnico da equipe chama a atenção dos visitantes. A destreza e o cuidado com os projetos é o que destaca o Núcleo na criação dos acondicionamentos. Afinal, “não consiste em apenas uma embalagem do documento: é parte do processo de conservação e preservação dos acervos”, conforme mencionado por Norma Cassares no manual “Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas”. Para consultar este manual acesse: http:// www.arquivoestado.sp.gov.br/ site/ publicacoes/ tecnica.
“O trabalho desenvolvido no núcleo exige uma capacitação e atualização constante dos funcionários, pois as atividades requerem várias habilidades; é um trabalho técnico-científico”, diz o diretor.
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Com os avanços tecnológicos e a digitalização de arquivos, a equipe de acondicionamento e encadernação faz uma reflexão sobre o futuro da atividade na instituição. “Conversar sobre as novas tecnologias, nós até conversamos. Com o surgimento dos documentos natodigitais, tem que ter uma preocupação, sim, com a preservação dos documentos digitais e acondicionamento dos Storages”, comenta Décio. Apesar disso, ninguém da equipe acredita que o acondicionamento vai acabar. “A questão do acondicionamento não abrange o simples fato do suporte textual. O acondicionamento está em todo canto, como por exemplo para você guardar um HD, é preciso uma proteção específica. O acondicionamento acompanha o processo, se adapta”, conclui Altieris.
O APESP, por meio dos seus servidores, tem dialogado no que tange à necessidade de inovação dos trabalhos realizados de forma criteriosa e atenta às normativas de preservação, proteção e tratamento técnico em todo ciclo de vida do documento.
Esta reflexão é válida e tem quebrado paradigmas, considerando a forma pela qual o APESP tem sido visto pela administração pública, sociedade e pelos servidores.
“Quando eu vim para o APESP, eu não imaginava esta imensidão. Todo este trabalho desenvolvido na Instituição me fez ver a importância da função social do Arquivo. Antes os Arquivos e Bibliotecas eram conhecidos como formas de castigo para os funcionários que não se adequavam em outras instituições. Porém, o Arquivo do Estado nas últimas décadas começou a mudar essa visão, através da difusão e capacitação mostrando nas suas atividades a importância da preservação da memória pública”, conclui Décio.
O comprometimento com o trabalho é demonstrado de forma intensa pela equipe de Acondicionamento, que, apesar de pequena, exerce importância imensurável e essencial para o desenvolvimento contínuo das atividades do Arquivo Público do Estado.
