Pasquim

 

A estrutura e a política de imigração brasileira

   Construída para abrigar cerca de 4 mil pessoas, a Hospedaria de Imigrantes encarregava-se de receber e direcionar os trabalhadores estrangeiros para todo o estado de São Paulo. Ficava ao lado de um desvio da ferrovia que ligava Santos a Jundiaí e que trazia os imigrantes para a capital e levava o café direto para o Porto de Santos. Hoje, a hospedaria abriga o Memorial do Imigrante e é um lugar procurado frequentemente por pessoas em busca de vestígios de seus antepassados familiares.

   O prédio do Brás não foi o primeiro construído ou adaptado para abrigar esses recém-chegados. A primeira hospedaria estava localizada na região norte, em Santana, sendo em seguida construído um prédio novo no Bom Retiro. Mas ambos não conseguiam mais dar suporte ao grande número de pessoas que chegava à cidade. Dessa forma, a Lei nº 56, de 21 de março de 1885, autorizou as obras da Hospedaria de Imigrantes, inaugurada em 1888. A administração da Hospedaria ficou sob a responsabilidade, durante pelo menos os dez primeiros anos, da Sociedade Promotora da Imigração.

   O prédio estava organizado da seguinte forma: no andar térreo, ficavam os escritórios, a casa de câmbio, a sala médica, as cozinhas, os refeitórios e as salas de armazenagem. No andar superior, localizavam-se os dormitórios, que muitas vezes tinham apenas esteiras para as pessoas dormirem. Havia também outro prédio onde se realizavam as contratações e o primeiro contato dos recém-chegados com seus futuros empregadores. A grande parte dos que passavam pela hospedaria ia trabalhar nas lavouras de café; afinal, nada poderia desviar a mão-de-obra da atividade econômica mais rentável e importante do país.

   Os núcleos coloniais, por sua vez, eram terras do governo onde os colonos instalavam-se cada um em seu lote e nele poderiam produzir o que fosse necessário para sua subsistência e vender seus produtos para os mercados locais. O órgão responsável por esses núcleos era a Secretaria da Agricultura, que criou em todo o estado, próximo às grandes regiões cafeicultoras, esses núcleos que garantiram a mão-de-obra necessária para o cultivo de café nas grandes propriedades.

A Imigração no Estado de São Paulo (1880-1920)



 
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