Um choque: A chegada ao Brasil e o fim dos sonhos

   Em 1902, o governo italiano chegou a proibir, com o Decreto Prinetti, a imigração subsidiada. Um dos motivos para a proibição seriam as informações que o governo deste país recolhia acerca das condições de vida e o trabalho que aqui esperavam os seus conterrâneos.

   Quando analisamos inúmeros casos das multas que eram aplicadas aos colonos, percebemos a arbitrariedade que estava presente em todos os aspectos de suas vidas. Aos imigrantes não era permitido participar de associações e movimentos, devido ao perigo que poderia representar uma ação em conjunto de grupos insatisfeitos. Por isto, a preferência de muitos fazendeiros pela contratação de mão-de-obra imigrante de diferentes regiões da Itália, pois seria mais difícil se unirem para constituir uma vida em comunidade a qual estavam acostumados no seu país de origem. Os capangas aparecem neste contexto para realizar os mandos e desmandos dos fazendeiros, vigiando e coagindo os colonos, empregando até mesmo a violência física.

    As condições de vida em geral não eram satisfatórias: sem acesso à escola, à higiene, à boa alimentação e à vida em comunidade, era comum muitos observadores associarem estas péssimas realidades presenciadas nas mais diversas regiões do Oeste Paulista a um crescimento no número de imigrantes abatidos, doentes e alcoólatras. Era difícil esse grupo ascender socialmente, garantir que, em um futuro, poderia ter sua propriedade de terra e alcançar tudo aquilo que sonhava ter e encontrar na promessa de viver no Brasil.

   O Patronato muitas vezes fazia com que o imigrante se sentisse mais devedor diante de seu contratante, quando esse permitia que realizasse eventos e comemorasse datas festivas. Porém, mesmo com estes mecanismos adotados pelo poder público e fazendeiros, há registros de diversas greves e paralisações, com raras conquistas de suas reivindicações.

   Diante de tantos obstáculos na vida do colono imigrante, não seria difícil entender porque muitos deles voltaram para seus países de origem, ou foram para outros países como a Argentina. Um número considerável rumou para o espaço urbano, sobretudo para São Paulo, pois a cidade parecia garantir a continuidade na busca da promessa de uma vida melhor.