O lado de lá... Por que emigrar?     

   É importante ressaltar que o ato de imigrar, entre tantos significados, é definido no dicionário Aurélio como “Entrar (num país estranho) para nele viver”¹. Essas vivências foram impregnadas de tensões, estranhamentos, sonhos, ambições, disputas, desilusões; aspectos que não podem ser deixados de lado na análise. O que leva grupos, famílias e pessoas a emigrarem? E, ao chegar a um país estranho, como (re)constituir seus modos de vida em espaços de características tão diferentes das de seus países de origem?

   No final do século XIX e início do século XX, o Brasil recebeu imigrantes vindos de várias partes do mundo: Portugal, Espanha, Alemanha, Japão, Hungria, Síria, Líbano, Armênia, entre outros países. Para compreendermos o processo imigratório é interessante refletirmos sobre os fatores que incentivaram a imigração em massa a partir do final do século XIX. No entanto, não é possível apontarmos um motivo único, pois sabemos que houve um entrelaçamento de fatores peculiares a cada país, como conflitos religiosos, crises econômicas (geradas por guerras ou explosões demográficas) e instabilidades políticas que impulsionaram a vinda de estrangeiros para o Brasil.

   Os representantes políticos de alguns países apoiavam o fluxo emigratório, e o governo brasileiro, principalmente os políticos do estado de São Paulo, promoveram políticas públicas para estimular a imigração em massa. Houve, assim, uma convergência de interesses entre algumas nações e o Brasil, que necessitava de um grande contingente de trabalhadores para a produção de café (produto em alta naquele período), mas não podia mais contar com o trabalho dos escravos, como veremos a seguir.

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¹ FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 919. .


A Imigração no Estado de São Paulo (1880-1920)


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