Deslocamentos: da produção de café para as linhas de produção

   Os grupos imigrantes eram heterogêneos, ou seja, não podiam ser enquadrados como iguais. Abarcar grupos tão diferentes é algo um tanto problemático. Sabemos que adentraram na cidade de São Paulo italianos, espanhóis, portugueses, sírios, libaneses, judeus, húngaros, japoneses, armênios e que entre essas nacionalidades havia diferenças regionais, culturais, políticas e religiosas. Por isso, é impossível dar conta da diversidade das experiências de cada grupo e de suas particularidades.

   Se muitos trabalhadores saíram das fazendas de café em busca de melhores condições de vida, isso não quer dizer que a vida urbana tivesse trazido mudanças significativas. O que esses trabalhadores encararam na cidade e nas indústrias foram longas jornadas de trabalho, violência física, mulheres e crianças submetidas a atividades exaustivas, moradias precárias, má alimentação, abusos (as atividades não eram regulamentadas) e outras adversidades. Foram várias as lutas empreendidas para sobreviver e superar essas dificuldades.

   Nesse contexto, surgiram os movimentos operários na cidade de São Paulo. O primeiro deles foi o Sindicato dos Chapeleiros, em 1888, que teve duração efêmera. Foram criadas ligas operárias em várias localidades, associações que tiveram a presença majoritária de imigrantes e foram influenciadas pelos princípios do anarquismo, que desembocou no chamado “sindicalismo revolucionário”.

   Porém, não eram todos os trabalhadores estrangeiros que se associavam a esses movimentos. Havia aqueles que não viam nas ações dos sindicatos e ligas operárias as expressões de seus desejos. Esses frequentemente foram acusados de compactuar com a exploração do trabalhador, pois visavam unicamente a ascensão social e ignoravam a luta por melhorias nas condições de vida para todos.

 


A Imigração no Estado de São Paulo (1880-1920)

 

 
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