Memória da Imprensa
A imprensa que fez história, presente no Arquivo Público do Estado de São Paulo

IHGSP Capital

O Farol Paulistano

Primeiro jornal impresso de São Paulo, surgido em 1827. O prelo de madeira em que era feito conseguia uma tiragem de 25 exemplares por hora.[*]PILAGALLO, Oscar. História da Imprensa Paulista. São Paulo: Três Estrelas, 2012. p. 20.

O Observador Constitucional

Lançado por Líbero Badaró em 23 de outubro de 1829, O Observador tumultuou a cidade, segundo Nelson Werneck Sodré, “hostilizando o bispo, o ouvidor e o presidente e entrando logo na luta pela liberdade de imprensa.”[*]SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. p. 112.. Badaró foi assassinado no ano seguinte por conta das ideias difundidas no periódico.

O Paulista Official

Veículo oficial surgido em 1835 e que durou até 1837, sendo substituído por O Paulista Centralizador.[*]PILAGALLO, Oscar. História da Imprensa Paulista. São Paulo: Três Estrelas, 2012. p. 27.

O Paulista Centralizador

Órgão oficial do governo da província que teve seu primeiro número publicado em 14 de maio de 1838. Era publicado às segundas e quintas-feiras. Foi substituído pelo Governista, em 1842.[*]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 70.

O Observador das Galerias

Criado em 1838 e impresso na Typografia de Costa Silveira. Durou pouco tempo e teve seu nome mudado para O Observador Paulistano.

O Observador Paulistano

Criado e redigido pelo padre Diogo Antônio Feijó, regente durante a minoridade de d. Pedro II, o jornal foi publicado em 1838, após Feijó deixar o poder.

O Tebyreçá

Jornal liberal que sucumbiu em 1842, no início do segundo reinado, contava com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar entre os redatores.

Ensaios Litterarios do Atheneo Paulistano

Revista mensal impressa. Órgão da associação acadêmica Atheneu Paulistano, foi uma das folhas estudantis de maior durabilidade, publicada entre 1853 e 1861.[*]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 111.

Guayaná: jornal scientifico, politico e litterario

Redigido por acadêmicos, entre eles José Vieira Couto de Magalhães, Tavares Bastos e Francisco Homem de Mello, trazia poesias, artigos de crítica literária e estudos históricos. Durou seis edições, publicadas entre abril e setembro de 1856.[*]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official: São Paulo. 1915. p. 134.

Revista Arara

Semanário crítico e humorístico, trazia caricaturas em páginas coloridas.[*1]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 655. É uma das revistas pioneiras em inserir anúncios entre os textos.[*2]CRUZ, Heloisa de Faria. São Paulo em Papel e Tinta: periodismo e vida urbana 1890-1915. São Paulo: EDUC; FAPESP; Arquivo do Estado de São Paulo; Imprensa Oficial, 2000. p. 158.

Imprensa na Capital

Sem um único prelo que pudesse imprimir jornais, São Paulo teve seu primeiro periódico escrito à mão: O Paulista, lançado em 1823 pelo professor Antonio Mariano de Azevedo Marques. Esse fato mostra o quanto a cidades estava isolada e defasada em relação a outras províncias como Pernambuco e Rio de Janeiro, que já contavam com tipografia. O Paulista surgiu 15 anos depois de o primeiro jornal ser impresso no Brasil, a régia Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808 – também considerado um lançamento tardio em relação a outros países latino-americanos.

Antonio Mariano de Azevedo Marques, conhecido como Mestrinho, contou com o apoio da alta administração provincial para a organização de um plano de publicação de O Paulista, que incluiu a adoção de assinaturas para garantir a vida do jornal. Parte do texto do “Plano de um estabelecimento patriótico destinado a suprir a falta de tipografia” está transcrito abaixo, com atualização da ortografia para nossa melhor compreensão:

“Como desgraçadamente não tem sido possível a Província de S. Paulo obter um prelo para se comunicarem e disseminarem as ideias e as luzes tão necessárias num País livre [...] é mister lançar mão do único meio que nos resta. Deverá pois ser suprida a falta de tipografia pelo uso de amanuenses, que serão pagos por uma sociedade patriótica”.[1]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 14.

As ideias a serem disseminadas por Marques defendiam a monarquia constitucional, algo entre absolutismo monárquico e federalismo republicano, os extremos do cenário político do momento.[2]PILAGALLO, Oscar. História da Imprensa Paulista. São Paulo: Três Estrelas, 2012. p. 16. Como a cópia dos exemplares era um trabalho lento e dispendioso, não era possível entregar um jornal por assinante. Cada edição era compartilhada por cinco pessoas e, apesar de não existir uma data precisa, acredita-se que O Paulista circulou por pouco tempo devido ao precário sistema de publicação artesanal e pelos caros serviços dos amanuenses.[3]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 16.

Somente em fevereiro de 1827 surgiria o primeiro jornal impresso em São Paulo, O Farol Paulistano, órgão de tendência conservadora, fundado por José da Costa Carvalho, o Marquês de Monte Alegre[4]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 22.. Depois, foram lançados outros periódicos políticos, como o Observador Constitucional, de caráter liberal e federalista em sua última fase, e o conservador Novo Farol Paulistano, entre outros, refletindo as ideias que agitavam a política nacional no conturbado fim do primeiro Império e no período regencial[5]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 18.. Leia mais sobre O Farol Paulistano no link Colaborações.

Com a criação do curso de Ciências Jurídicas, em 1827, surgiram os jornais acadêmicos, como Tymbira e Ensaios Litterarios do Atheneo Paulistano. Também passaram a ter espaço os jornais de interesse menos político e mais cotidiano, com uma linguagem mais palatável ao leitor, como explica Afonso de Freitas:

“Desaparecido o tom sentencioso e dogmático com que eram tratadas as questões doutrinárias, e com ele o feroz partidarismo que tornava insuportável a leitura dos jornais de combate ao leitor de animo calmo, desapareceram também os formidáveis ‘artigos de fundo’ substituídos pela ‘nota’ moderna, ligeira e breve, dizendo mais em sua linguagem enérgica e incisiva que os tais maciços artigos, tão longos que muitas vezes, da primeira página transbordavam para a segunda.”[6]FREITAS, Affonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Tipografia do Diário Official, 1915. p. 21.

Já no final do século XIX e início do século XX, a imprensa começa a profissionalizar-se. Com maior acesso à tipografia e melhorias técnicas também viriam os pequenos jornais variados, periódicos de comércio com os anúncios – ou reclames – além de folhas domingueiras e revistas ilustradas, entre outros, conforme descreve Heloísa de Faria Cruz:

“[...] a confecção desses tipos de jornais e pequenas revistas coloca-se como uma das dimensões importantes da vida cultural de diferentes grupos sociais. [...] Fazer jornal torna-se uma das atividades centrais dos grêmios escolares, das associações recreativas, dançantes e artísticas, dos grupos literários”.[7]CRUZ, Heloisa de Faria. São Paulo em Papel e Tinta: periodismo e vida urbana 1890-1915. São Paulo: EDUC; FAPESP; Arquivo do Estado de São Paulo; Imprensa Oficial, 2000. p. 95.

Entre os títulos do acervo do IHGSP que estão online no site do APESP, selecionamos alguns dos primeiros periódicos da imprensa paulistana. Acesse os jornais nos links ao lado.