Acervo tridimensional do DEOPS
As pesquisas realizadas nos arquivos do DEOPS tem revelado fatos que durante muitos anos se encontravam soterrados por mentiras oficiais e muito silêncio cúmplice. Porém, esse tipo de acervo documental revela também surpresas que colocam dilemas para os profissionais de arquivos. O que fazer com uma ampola de medicamentos, um livro escrito em idioma japonês ou uma medalha nazista que acompanham documentos recolhidos aos acervos permanentes? É possível tratar esses objetos como documentos de arquivo?
O arquivista francês, Bruno Delmas levanta essa questão e oferece resposta conclusiva:
Existem ainda entre os documentos de arquivo, objetos cuja conservação apresenta dificuldades para os arquivistas, sejam eles documentos de arquivos por natureza, como as maquetes dos arquitetos e urbanistas, ou então documentos de arquivos por destino, que preexistem à ação, como os desenhos e modelos que servem de prova nos processos de patente de invenções.
(...) Tais documentos não correspondem aos tipos tradicionais que se encontram nos arquivos, quase sempre associados ao gênero textual. Entretanto, cabem perfeitamente na definição científica e legal dos arquivos. Às vezes incomodam os arquivistas, por não terem o formato normalizado dos documentos administrativos, de suas caixas e estantes. Daí a tentação de decretar que não são realmente documentos de arquivo, de ignorá-los e até mesmo descartá-los.1
No ensaio de onde extraiu-se essas citações, Bruno Delmas arrola fartos exemplos que são bastante eloquentes para nos convencer de que artefatos como estes podem se constituir na mais justa definição de documentos de arquivo.
Mas, se documentos são criados para fins de prova, esses documentos servem de prova para que? para quem? Em quais circunstâncias? As provocativas imagens apresentadas a seguir, mostram como equipes de funcionários do DEOPS, no exercício de suas funções, tornaram esses objetos apreendidos documentos de arquivo, compondo prontuários e dossiês de investigação.