O caminho burocrático da morte e a máquina de fazer desaparecer

propostas de análise da documentação do Instituto Médico Legal-SP para antropologia forense

Autores

Palavras-chave:

desaparecimento forçado, antropologia forense, Instituto Médico Legal (IML), vala de Perus

Resumo

O artigo traz um panorama sobre a pesquisa desenvolvida com a documentação do Instituto Médico Legal de São Paulo (IML-SP), sob guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo, no âmbito dos trabalhos de buscas de desaparecidos e mortos políticos desenvolvido pela Antropologia Forense para tentativa de identificação dos remanescentes humanos encontrados na Vala Clandestina de Perus (SP). Foram analisadas três séries documentais (exames necroscópicos, declarações de óbito e livros de fotografias) como passo fundamental frente à desmaterialização e fugacidade acarretadas pelas políticas de desaparecimento. O objetivo foi o de seguir o caminho burocrático da morte, porém, a pesquisa elucidou os mecanismos de desaparecimento e de produção de desconhecidos do período, permitindo uma compreensão de como estratégias repressivas utilizaram um sistema institucionalizado, já em andamento, para também forçar o desaparecimento de opositores do regime.

Biografia do Autor

Márcia Lika Hattori

Historiadora e mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Coordenou os trabalhos antemortem no âmbito do Grupo de Trabalho Perus durante um ano como consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2096704131182642 E-mail: marcia.hattori@gmail.com 

Rafael de Abreu e Souza

Arqueólogo, doutorando em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp. Trabalhou como perito para o Grupo de Trabalho Araguaia,(GTA) e para o Grupo de Trabalho Perus (GTP), além de participar de projetos de antropologia e arqueologia forenses em âmbito internacional. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7569502208382935 E-mail: rafaelabreusouza@gmail.com

Ana Paula Moreli Tahuyl

Historiadora e mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Trabalhou nas pesquisas sobre os dados antemortem no âmbito do Grupo de Trabalho Perus durante um ano como consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1905682199729325 E-mail: anatauhyl@gmail.com

Luana Antoneto Alberto

Historiadora e mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Trabalhou nas pesquisas sobre os dados antemortem no âmbito do Grupo de Trabalho Perus durante um ano como consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Currículo Lattes: Historiadora e mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Trabalhou nas pesquisas sobre os dados antemortem no âmbito do Grupo de Trabalho Perus durante um ano como consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9630769106709016 E-mail: lua_alberto@hotmail.com

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Publicado

2016-04-27

Como Citar

Hattori , M. L., Souza, R. A., Tauhyl, A. P. M., & Alberto, L. A. (2016). O caminho burocrático da morte e a máquina de fazer desaparecer: propostas de análise da documentação do Instituto Médico Legal-SP para antropologia forense. Revista Do Arquivo, (2), 1–21 (39. Recuperado de https://revista.arquivoestado.sp.gov.br/ojs/revista_do_arquivo/article/view/232

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