A política nacional - crise na República
O furacão de 1922
Os antecedentes de 1924
Por que a cidade de São Paulo?
O caminho para a ação
A cidade e a revolução
Mudança de planos
E depois? A ressaca da revolução
O fim do Movimento Tenentista?

O fim do Movimento Tenentista?

   Isidoro Dias Lopes, embora tenha sofrido repressão e acusações dos partidários de Bernardes, ganhou o apoio de parte da população paulista, sendo considerado por muitos como um homem corajoso e íntegro. Após sua retirada de São Paulo, exilou-se na Argentina de 1925 até 1930. Durante esse período, esteve envolvido em articulações militares que buscavam mudar a ordem instituída através da luta armada. Participou dos acontecimentos de 1930, quando Getúlio Vargas chegou pela primeira vez à presidência. Dias Lopes também seria indicado pela elite paulistana para ser o interventor do estado, mas Vargas não o aceitou.

 

  Depois que as tropas revolucionárias deixaram São Paulo, juntaram-se a pequenos grupos do interior do estado e formaram a “coluna paulista”, que se dirigiu para o oeste do Paraná, onde se fixou até encontrar a “coluna Prestes”, vinda do Rio Grande do Sul, em abril de 1925. Dessa última junção formou-se a “coluna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes”, mais conhecida por “coluna Prestes”. Essa empreendeu uma caminhada por grande parte do território nacional, denunciando o que identificava como os problemas sociais e políticos do Brasil, convocando a população para agir sob a liderança de Luís Carlos Prestes. Assim, o movimento tenentista buscava chamar para si a atenção do país inteiro e das autoridades. Dois aspectos parecem explicar o esquecimento que paira sobre os acontecimentos do mês de julho de 1924: a articulação entre memória e os interesses políticos, já que para os legalistas (muitos escreveram obras sobre a Revolução de 1924) não era conveniente alimentar a chama revolucionária que passou por São Paulo, isso poderia ameaçar a manutenção da República, incitando outros grupos a sublevarem-se; e o fato de que a Revolução de 1924 não teve como protagonista a elite paulista, como ocorreu, posteriormente na Revolução de 1932.

 

   Na comparação dos dois eventos feita pelas historiadoras Ilka Stern Cohen e Vavy Pacheco Borges, suas memórias “tiveram destinos opostos”: “a memória de São Paulo em 1924 – vítima invadida, violada e semi-destruída – e a memória de São Paulo em 1932 – heroína, matriz de uma Revolução”.

 

   Na obra publicada logo após os acontecimentos Narrando a Verdade, ou o que se acreditava ser a realidade dos fatos, o general Abilio de Noronha confirma a busca pelo esquecimento: "Oxalá que, com a retirada dos rebeldes de S. Paulo na noite de 27 para 28 de Julho, tenham eles levado consigo, a fim de afogarem para sempre, nos pantanaes das regiões inhospitas das margens do rio Paraná, a ideia maldita da rebellião contra o governo da Republica."

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¹ NORONHA, 1924, p. 141.