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Atividade 2
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Atividade 6
Atividade 7
Atividade 8
Atividade 9
Atividade 10
Atividade 11
Atividade 12
Atividade 13
Atividade 14
Atividade 15

  

Atividades Pedagógicas

 

   Na busca de introduzir em sala de aula novas formas de produção do conhecimento histórico e de debater conteúdos, a utilização das fontes de pesquisa poderá ser, sem dúvida, um instrumento valioso. Mas, antes de abordar o uso de documentos em sala de aula, o professor deve ter claro como, o que e por que irá trabalhá-los. Essa parte do processo, organizar as ideias e dar um sentido para o trabalho a ser desenvolvido nas aulas, é onerosa, mas necessária.

 

   Pensando nisso, organizamos atividades procurando as possibilidades e as vantagens de abordar o tema “Revolução de 1924” para os professores que pensam em dedicar parte de seu plano de curso à exploração desse tema. Primeiramente, discutiremos a importância do uso de documentos em sala de aula e os objetivos a serem alcançados a partir da exposição virtual e das atividades elaboradas com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

 

   Essas atividades foram pensadas para os alunos dos 8º e 9º anos do ensino fundamental, tendo em vista o seguinte eixo temático: “História das representações e das Relações de Poder”, com o subtema “Nações, povos, lutas, guerras e revoluções”. Vale lembrar que esse recorte baseia-se nos PCNs e que as atividades apresentadas não estão “fechadas” obrigatoriamente para um determinado ano do ensino fundamental ou médio. O professor, em seu dia-a-dia na sala de aula, conhece as necessidades, as carências e as demandas dos seus alunos e deve levar em consideração esses aspectos.

 

   No quarto ciclo do ensino fundamental, segundo os PCNs, o professor pode abordar os seguintes temas em sala: modelos de organização política, contatos e confrontos entre grupos e classes sociais, o estudo das relações de poder na história brasileira e afins. A Revolução de 1924 traz aos alunos a oportunidade de estudar e refletir sobre essas questões. O que torna ainda mais significativa sua abordagem é que, nesse ciclo, os próprios estudantes estão próximos de exercerem seu direito ao voto. Por isso, refletir sobre a própria República brasileira a partir desse tema seria muito pertinente: 

 

   [...] é importante estimulá-los a questionar o presente, para que possam discernir as relações sociais e políticas atuais a partir de perspectivas históricas, identificando possíveis semelhanças ou discordâncias, construindo suas opiniões e estando atentos para localizar discursos, nas propagandas e nas práticas políticas propostas por atitudes coerentes ou contraditórias¹.

 

   Sendo assim, as atividades apresentadas como complemento desta exposição têm como objetivo fornecer aos alunos subsídios para compreender o que foi a Revolução de 1924 e a partir daí chegar às suas próprias conclusões sobre os desdobramentos desse evento. Também queremos ressaltar a reflexão acerca da construção da Memória e do papel da História em sua const   A Revolução de 1924 foi colocada no “limbo” do esquecimento. Esse tema não tem obtido destaque no ensino da História, tanto nas escolas de ensino fundamental e médio nem no ensino superior. O esquecimento e as versões unilaterais dos acontecimentos integram projetos políticos e fazem parte de contextos históricos específicos. Atualmente, há tentativas de apreender memórias que foram silenciadas e contribuir para a escrita de outras histórias.

 

   Refletir com os alunos sobre as disputas pela memória e os significados das versões sobre o passado é discutir temas presentes em suas vidas e propor o questionamento de coisas aceitas como algo natural e intrínseco ao homem. Estudar os processos de construção da memória social é perceber como nossas ações diárias e o que vemos e vivemos cotidianamente têm um sentido político implícito – por exemplo, as datas comemorativas, os monumentos, os acervos dos museus e arquivos, a construção de um memorial etc.

 

   Afinal, quando alguns grupos estabelecem datas e monumentos, eles querem rememorar e perpetuar algo. Para compreender seus significados temos que perguntar o porquê desses marcos e buscar as respostas possíveis. No caso de 1924, o esquecimento também é consequência da ação de grupos preocupados em expressar a vitória das forças legalistas. E é essa ação que desejamos focar nas atividades propostas quando tratamos, por exemplo, da formação da memória contemporânea a respeito do ocorrido em São Paulo em julho de 1924.

 

   São essas questões e sensibilidades que o professor pode despertar e discutir em aula com seus alunos, fornecendo as ferramentas necessárias para iniciar um debate rico em questionamentos e interpretações por meio de uma perspectiva histórica. Cada nova leitura permite um novo olhar sobre um mesmo tema, e o professor deve estar atento a essas nuances, pois são características do estudo da História. Esperamos, por meio dessas propostas de atividades, contemplar aqueles que desejam trabalhar com o uso das fontes históricas em sala de aula.

 

   Por fim, é importante lembrar que todos os documentos utilizados para a realização deste trabalho estão digitalizados e disponíveis ao público no terminal de consulta do Arquivo ou no nosso site². Contamos ainda com uma vasta documentação vinda do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – contendo documentos manuscritos, como cartas trocadas entre os militares revoltosos, processos judiciais e álbum de fotografias –, que passou por tratamento técnico e que também está disponível para consulta.

 

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¹ BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Trabalho com documentos. In: Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: história. Brasília: MEC, 1998. p. 65.

² www.arquivoestado.sp.gov.br