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Projeto Memória da Escravidão (seleção de documentos)

Desde o período colonial produziu-se uma grande quantidade de documentos onde o escravo está presente. A escravidão permeou toda a sociedade, durante a Colônia e o Império, de modo que a sua presença surge nos mais variados documentos, pertencentes a diferentes fundos que integram o acervo do Arquivo Público do Estado. Nos maços de população, por exemplo, aparecem dados de proprietários, agregados e escravos, com indicação de cor, idade e condição social. Os documentos das alfandegas, coletorias e barreiras registram a circulação de escravos, cobrando dos proprietários o imposto devido. A polícia da província também deixou inúmeros registros sobre quilombos, fugas e revoltas de escravos. Dialogando com esses documentos, há no acervo do APESP um número significativo de autos crimes, onde os escravos figuram como acusados, vítimas ou testemunhas, revelando as tensões existentes numa sociedade escravista.

Outra série documental valiosa para estudar a escravidão são os inventários e testamentos. Através deles as famílias transmitiam seus bens, arrolando o plantel de cativos do testamenteiro e, em certos casos, libertando alguns deles por caridade ou gratidão. São documentos que trazem informações preciosas sobre a relação dos senhores com seus escravos, permitindo ainda analisar o preço dos escravos no decorrer do tempo. Além dos inventários, há no acervo toda uma documentação cartorial, na qual encontram-se registros de cartas de alforria, escrituras de compra e venda de escravos e outros tipos de contrato que determinavam o destino dos cativos e dos seus filhos.

Em meio a esse universo, o APESP produziu, em 2012, um projeto de digitalização de 11 caixas de documentos e 20 encadernados sobre escravos. O projeto, chamado Memória da Escravidão, reuniu uma pequena parcela de documentos de diversos fundos, com o objetivo de divulgar essas fontes.

Aproximadamente metade dos documentos digitalizados foram produzidos pelas Juntas Classificadoras de Escravos, entidade criada em 1871 para promover a libertação gradual dos escravos contemplados pela Lei do Ventre Livre. O conjunto conta ainda com documentos do Fundo de Emancipação de Escravos e uma variada correspondência encaminhada às autoridades, tratando de fugas, do tráfico negreiro e de pedidos de alforria. Esse conjunto, embora diminuto, vale como introdução à abundante gama documental do APESP, que serve de fonte para recompor a história da escravidão.

A base de dados permite a pesquisa à 4.088 registros e consulta à seleção digitalizada por meio dos campos Palavra Chave, Instituição Produtora, Localidade, Espécie Documental, Nº da Ordem e Período. Destaca-se que a elaboração da base de dados foi realizada antes do tratamento arquivístico, o que pode implicar em alguma informação divergente à descrição disponível no Guia do Acervo. Para conhecer outros conjuntos que integram nosso acervo, acesse o Guia do Acervo


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