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Anuários Estatísticos

Os Anuários Estatísticos do Estado são publicações de dados estatísticos compilados sobre o território e a população do Estado de São Paulo. Trata-se de uma fonte documental riquíssima: dividido em seis partes, cada anuário traz informações sobre a divisão jurídica e administrativa do Estado, além de conter estatísticas sobre diversos aspectos da realidade paulista – eleições, imigração, economia, moral, registros civis e movimentação de certidões são alguns dos temas abordados.

Todas as informações são fornecidas com uma riqueza de detalhes impressionante: os imigrantes são identificados por sexo, idade, estado e profissão, além do número de casamentos por mês, estado civil anterior e relação de parentesco. Em caso de óbito, ainda é possível distinguir qual a causa (idade, moléstia, acidente) da morte. Na Capital, há também a pormenorização desses dados por distrito. É possível saber, por exemplo, quantas pessoas morreram no ano de 1903 por alcoolismo no distrito da Vila Mariana.

Apresentamos aqui os Anuários publicados entre os anos de 1894 e 1928, produzidos pela Repartição de Estatística e do Archivo de São Paulo. Neste último ano a publicação dos Anuários foi interrompida, sendo retomada apenas em 1940 sob a responsabilidade de outros órgãos, entre os quais figuram o Departamento Estadual de Estatística, o IBGE e, finalmente, a Fundação SEADE.

A importância desse tipo de fonte é patente: atravessando os tempos, os Anuários persistem até hoje como obras de referência para os pesquisadores, mesmo com as inúmeras possibilidades de acesso a informações existentes. São publicações que permitem um olhar diferenciado sobre o viver em São Paulo e, principalmente, sobre as formas de o Estado olhar para a realidade e categorizá-la.

Visões curiosas estão presentes nos documentos, demonstrando hierarquias de valores e práticas sociais de uma época. No ano de 1894 constatou-se, por exemplo, que "Em Amparo proporcionalmente nasce mais gente e em Araraquara casa-se mais" (Anuário Estatístico de São Paulo, 1894). Essa afirmação só foi possível por meio do cruzamento entre os números de casamentos e nascimentos em cada município, gerando um coeficiente que avalia o equilíbrio entre essas duas variantes. Nesse dado, e nas intenções de estabelecer essa relação, verifica-se a procura do poder público por uma sociabilidade que atenda seus pressupostos: o parâmetro de avaliação da normalidade é o equilíbrio, alcançado por poucas localidades. Assim, não surpreende que, no mesmo Anuário, faça-se um levantamento dos nascidos legítimos e ilegítimos.

Também é possível constatar a grande preocupação em analisar informações sobre os imigrantes que viviam em São Paulo. São analisados os fluxos de saída e entrada de imigrantes no país, sua permanência em locais de trabalho e até mesmo o número de casamentos celebrados – contabilizou-se, no ano de 1894, 6.708 noivos brasileiros e 3.133 estrangeiros, sendo que mais da metade destes eram italianos. Aspectos inusitados se evidenciam: dos imigrantes que adentraram o país pelo Porto de Santos no ano de 1894, 798 declararam profissão de artista, de um total de 29.561. No final do século XIX e início do século XX, a imigração é fomentada pela necessidade de mão de obra para a produção cafeeira e pela política de subsídios do governo paulista.

O vasto material de pesquisa aqui disponibilizado revela formas diferenciadas de entender uma determinada realidade, tal como o Anuário de 1899, que contabilizava em três qualificações as pessoas que deixavam o Hospício de Alienados: os que "sahiram curados", os que "sahiram melhorados" e os que "sahiram não curados".

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