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A popularização e a profissionalização do esporte
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 A Popularização e a profissionalização do 
 esporte

 

   O processo de popularização do futebol no Brasil inicia-se na primeira década do século XX. A prática do esporte deixava de ser exclusividade da elite e passava a ser comum também àqueles que não pertenciam à alta sociedade, os operários das fábricas. Os primeiros clubes oriundos desse tipo de formação foram o Bangu, no Rio de Janeiro, originário da Fábrica de Tecidos Bangu, e o Juventus, em São Paulo, originário da indústria Crespi.

 

   Com o desenvolvimento industrial e a crescente entrada de mão de obra estrangeira no Brasil, a popularização do futebol foi se tornando cada vez mais acentuada, principalmente ao longo das décadas de 1920 e 1930, em que houve aumento do número dos times e clubes formados pelas classes menos abastadas e por imigrantes operários.

 

   Outro fator relevante para a história do futebol e para sua popularização foi a aceitação de jogadores negros nos clubes. Até os anos 1920, os times eram compostos por membros da elite e, posteriormente, por operários brancos. Segundo alguns estudos, o primeiro time a aceitar jogadores negros foi o carioca The Bangu¹ , embora com algumas restrições:

 

                                      O jogador preto não podia aprender com o professor. Só jogando no

                                      The Bangu, só sendo operário da Cia. Progresso  Industrial do  Brasil.

                                      E assim mesmo um ou outro. O The Bangu deixando preto entrar no

                                      time,  não  fazendo  questão  de  cor,  de  raça,  mas  não  exagerando ²

 

    No caso da cidade de São Paulo, a formação do time do Corinthians, fundado em 1910 por trabalhadores do Bom Retiro e de diferentes profissões, como pintores e cocheiros, trouxe para a capital paulista a ideia do chamado “clube do povo”, no qual negros e brancos encontravam espaço para a prática do esporte.

 

    Os times suburbanos, não elitizados, começavam a ganhar a cena com seus jogadores habilidosos, o que deu início a um crescente movimento no Brasil para a profissionalização do esporte. A profissionalização, nesse sentido, significava o reconhecimento das massas no esporte. A manutenção do futebol amador era defendida pela elite como tentativa de reafirmar o esporte como uma prática dos mais abastados, não havendo espaço para a entrada dos empobrecidos. Portanto, a crescente popularização do futebol, a formação de inúmeros times compostos por jogadores das classes baixas e o pagamento de prêmios por vitória, o chamado “bicho”, denotavam indícios de que o futebol não consistia mais naquela concepção de quando chegou por aqui, nos finais do século XIX: o futebol de elite e para as elites.

 

   Em meio a esse contexto, surge, em 1916, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que, por sua vez, apoiava a continuidade do amadorismo. Mas mesmo antes da profissionalização do futebol já existiam os campeonatos interestaduais, assim como jogos realizados contra times de outros países; houve inclusive, a conquista de nosso primeiro título internacional em 1919, no Campeonato Sul-Americano, bem com a participação da seleção na Copa do Mundo de 1930.

 

    Porém, foi somente em 1933, com a criação das Ligas Profissionais nos estados do Rio e de São Paulo, que se oficializou a profissão de jogador de futebol no Brasil. Nesse mesmo ano, disputou-se o primeiro campeonato profissional, que teve como campeão o Palestra Itália, antigo nome do Palmeiras.

 

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¹ O nome oficial era The Bangu Athletic Club, clube operário fundado em 1904 por trabalhadores da fábrica de tecidos Companhia Progresso Industrial.
² FILHO, 1964, p. 60 apud WALDENY, 1994, p. 44.