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A popularização e a profissionalização do esporte
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Futebol e Marketing
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A Imprensa Esportiva

  

 Imprensa Esportiva

 

   A relação entre imprensa e futebol começou a ser construída logo após a chegada do esporte ao Brasil. A princípio, o assunto era tratado através de pequenas notas traçadas em meio a notícias sobre outros esportes, como as regatas e o turfe. Esses dois esportes eram os mais conhecidos e praticados no mundo esportivo antes da chegada do futebol a terras brasileiras.

 

   Com o início do processo de disseminação e de popularização do futebol na primeira década do século XX, a cobertura esportiva jornalística começou a ganhar espaço entre outros assuntos publicados em jornais e revistas, os quais eram até então mais importantes. Periódicos destinados exclusivamente à cobertura esportiva começaram a surgir nos primeiros anos de 1910.

 

    Em São Paulo, a revista Sport – Semanario Illustrado trazia para os seus leitores notícias sobre alguns esportes realizados no Brasil, bem como em outros países. Suas páginas noticiavam acontecimentos sobre futebol, aviação, caça e tiro, natação, hipismo, atletismo, tênis, hockey, automobilismo, ciclismo, motociclismo e turfe. Entre os anos de 1922 e 1925, circulava o São Paulo Sportivo, que cobria os eventos esportivos, principalmente o futebol, o boxe e o atletismo.

 

   Nos anos de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, surge o Jornal dos Sports, fundado por Mário Filho, jornalista e entusiasta do futebol. A publicação contou com a colaboração de seu irmão, Nelson Rodrigues, que também era fanático pelo esporte. Com estilo de texto apaixonado e criativo, Nelson e Mário trouxeram para a cobertura esportiva uma nova forma de retratar o futebol – a formalidade da escrita deu espaço para o linguajar presente nos campos, como a expressão eternizada do “Fla-Flu” (Flamengo X Fluminense), como também para a descrição endeusada dos jogadores:

 

                    [...]O meu personagem anda em campo como uma dessas autoridades irresistíveis

e fatais. Dir-se-a um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente

perfeito, do  seu peito  parecem pender  mantos invisíveis. Em suma: ponham-no

em  qualquer rancho  e a  sua  majestade  dinástica  há de ofuscar  toda a corte  em

derredor. O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo,  um estado de alma. E

leva  sobre os demais jogadores  uma vantagem considerável: - a  de se sentir rei, da

cabeça  aos  pés. Quando  ele apanha  a bola, e dribla  um adversário, é como quem

                         enxota,  quem  escorraça  um  plebeu  ignaro  e  piolhento¹.

 

    No final de 1960, quando os jornais passam a ter editorias específicas para tratar do futebol, a cobertura esportiva tornara-se mais objetiva e menos carregada de sentimentalismo e criatividade. As reportagens passariam a noticiar os negócios escusos do esporte.

 

   A evolução da cobertura jornalística esportiva ao longo das décadas aponta para um cenário importante dentro da imprensa brasileira. De pequenas notas aos periódicos especializados, das crônicas apaixonadas e fantasiosas ao objetivismo e realismo das reportagens.

 

   Hoje já não precisamos mais contar com os desenhos ou com o imaginário para acompanhar a trajetória do nosso “time do coração”. Contamos com a transmissão em tempo real das partidas, podemos vibrar e tirar nossas conclusões acerca de se houve ou não uma falta ou um impedimento do jogador sem a necessidade de passar pela interpretação de outros. A cobertura esportiva, hoje, é um dos grandes campos de trabalho dentro da imprensa e movimenta boa parte de nossa economia.

 

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¹ RODRIGUES, Nelson. A realeza de Pelé. Manchete Esportiva, Rio de Janeiro, 8 mar. 1958.