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As greves ferroviárias

As greves ferroviárias, junto ao seu incipiente sindicalismo, têm início na Primeira República, a reboque das manifestações e das lutas operárias desse período. Deflagradas ao longo do processo de consolidação e posterior desmantelamento da malha ferroviária paulista, as greves ocorreram em diversas localidades, haja vista a extensão das vias férreas, a quantidade de cidades alcançadas e a multiplicidade de sindicatos e organizações próprias de trabalhadores ferroviários.

Algumas dessas greves merecem ser destacadas, levando-se em consideração a sua capacidade de mobilização e seu significado simbólico para a época. Enquadra-se nesse caso, por exemplo, a greve de 1919, ocorrida na ferrovia Sorocabana, a qual, perpassando todo o mês de outubro, foi responsável pela encampação[*1] dessa ferrovia pelo Estado.

Adentrando a “Era Vargas” (1930-1945), temos a greve ocorrida em 1932, desencadeada pela União dos Operários Ferroviários da São Paulo Railway, a qual, após doze dias de paralisação, obteve ganhos como a regulamentação da jornada de 8 horas e aumentos de 10% nos salários dos ferroviários.

Já na década de 1940, podemos destacar as greves protagonizadas pelos funcionários da Companhia Mogiana. Ocorridas em 1948 em Ribeirão Preto e Campinas, foram desencadeadas à revelia do sindicato e contaram com a liderança de funcionários ligados ao Partido Comunista Brasileiro. Esses, findadas as paralisações, foram “disciplinados” e perseguidos não só pela empresa, mas também pelo próprio sindicato da categoria.

Finalmente, para além da “Era Vargas”, são dignas de nota as greves em prol da encampação da Companhia Paulista. Ocorridas nos anos de 1959 e 1960, tiveram como resultado final a apropriação da Companhia pelo Estado, no dia 2 de junho de 1960.

As greves ferroviárias são ilustrativas das lutas enfrentadas por esses trabalhadores que, pouco a pouco, viram sua categoria sendo reduzida e tiveram de arcar com o ônus da opção nacional pelo transporte rodoviário em detrimento do ferroviário. Acompanhar sua trajetória é vislumbrar uma parte da trajetória dos trabalhadores paulistas na sua luta por melhores condições de vida e de trabalho.

 

REINVINDICANDO aumento de salarios, entraram ontem em greve os trabalhadores da Companhia Mogiana. Jornal de Notícias, São Paulo, p. 12, 8 jun. 1948. Acervo APESP.

COMPANHIA MOGYANA DE ESTRADAS DE FERRO. Memorando da Diretoria de Viação ao Chefe da 1ª Secção. São Paulo, 31 mar. 1920. Acervo APESP. Fundo SETRANS [Fepasa]. C09439. P00119.

Arquivo Público do Estado de São Paulo