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Ensino e Profissionalização nas Ferrovias Paulistas

Inauguradas em 1867, as ferrovias paulistas demoraram a se preocupar, de fato, com a profissionalização do ensino para os seus funcionários, perpassando o período imperial sem uma normatização dos cursos para os ferroviários[*1].

Com a proclamação da República, a questão da educação das classes populares começou a se fazer presente no pensamento dos dirigentes paulistas, os quais idealizaram o educar pelas letras, e, ao mesmo tempo, procuraram “melhorar o povo” por meio da imigração. No entanto, logo mudaram de opinião e optaram pela “regeneração”, a qual ocorreria através da “escola do trabalho”.

Os cursos ferroviários são um reflexo do ideário das classes dirigentes paulistas. Eles tiveram início em 1924 com a transformação do Liceu de Artes e Ofícios, que continha o Curso de Mecânica Prática, em Escola Profissional de Mecânica, buscando unificar, dessa forma, a metodologia utilizada no ensino dos ferroviários, ao menos os provenientes das quatro grandes ferrovias paulistas, que eram a São Paulo Railway, a Sorocabana, a Paulista e a Mogiana.

A Companhia Sorocabana, em 1930, foi a primeira a criar os Centros de Ensino Profissionalizante dedicados exclusivamente à profissionalização dos ferroviários, oferecendo cursos tanto para aqueles que já trabalhavam na ferrovia como para aqueles que iriam ingressar no trabalho. Antes da criação dos cursos, o aprendizado desses trabalhadores ocorria de forma empírica, através da observação e da realização de pequenos trabalhos.

Após passarem por testes psicotécnicos que objetivavam identificar aptidões “naturais” nos trabalhadores a serem selecionados, os ferroviários iniciavam os cursos que, em geral, duravam quatro anos. Inseridos num ambiente de rígida hierarquia – aprendiz, oficial e mestre –, os ferroviários, na condição de aprendizes, eram avaliados a partir de critérios como perfeição, rapidez e precisão, os quais eram representativos do caráter automatizante dessa instrução.

Inegavelmente, a formação dos ferroviários tinha um caráter extremamente tecnicista, haja vista a própria especificidade da profissão. Havia nos cursos a preocupação com a formação moral do indivíduo, numa tentativa de incutir-lhes uma “consciência” de seu papel na Ferrovia e perante a sociedade. Não obstante, a qualificação permitia a promoção no trabalho, benefícios extensivos a familiares e a obtenção, aos concluintes, de uma representação social positiva em seu ambiente de convívio.


OFICINAS da Estrada de Ferro Mogiana. 1910. 1 fotografia, p&b, 18 cm x 24 cm. Acervo Apesp / MI.

COMPANHIA PAULISTA DE ESTRADAS DE FERRO. Plano de organisação para Escolas de Aprendizes da na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. São Paulo, 1925. Acervo APESP. Fundo SETRANS [Fepasa]. C09449. P07630.

Arquivo Público do Estado de São Paulo