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Arquivo Público recebe documentos do Complexo Hospitalar Juquery

Publicado em 29/08/2023 | Fonte: APESP/Comunicação/Juliana Takayama

Na última terça-feira (22), o Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) recebeu o segundo lote de documentos do Complexo Hospitalar do Juquery, maior hospital psiquiátrico do Brasil, fundado em 1898 e que funcionou até 2021.

Foram recolhidas ao APESP 501 caixas de documentação composta por Prontuários de Assistência Médico-Hospitalar do período de 1891 a 1943. Com a chegada do primeiro lote (334 caixas) no final do ano passado, o acervo do Arquivo Público conta com um total de 835 caixas contendo prontuários médicos de ex-pacientes da instituição. A estimativa é de que o total de caixas seja de aproximadamente 1600.

De acordo com o diretor Alexandre Bianchi, do Centro de Gestão Documental do APESP, o trabalho de gestão e preservação documental realizado pela equipe de colaboradores do Juquery, pela Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso (CADA) da Secretaria da Saúde e pelos servidores do Arquivo Público foi essencial para viabilizar o recolhimento desses prontuários. “O esforço conjunto foi fundamental para manter viva a história do Hospital Psiquiátrico do Juquery”, afirma Bianchi.

A documentação recebida está em fase de diagnóstico e descrição pela equipe do Centro de Acervo Permanente (CAP/APESP), que estuda a viabilidade do acesso, já que se trata de uma documentação sensível. “No momento, estamos recebendo os prontuários e ao término, receberemos também as fichas desta documentação que está chegando em lotes. Precisamos descrever os que já vieram e nos preparar para lidar com irão chegar”, conta o diretor Ricardo da Silva, do Núcleo de Acervo Textual Público.

Trabalho em conjunto foi fundamental para manter viva a história do Hospital Psiquiátrico do Juquery.

Chegada do primeiro lote ao Arquivo Público, em outubro de 2022.

História - Os primeiros pacientes do Hospital do Juquery foram os internos trazidos do Hospício Provisório de Alienados, que funcionava no centro da cidade de São Paulo. A instituição tinha a finalidade de socorrer os habitantes que precisassem de tratamento em virtude de transtornos mentais, promovendo o seu isolamento da sociedade comum. Seu primeiro diretor, o médico psiquiatra Franco da Rocha, foi o responsável pela organização de políticas de assistência psiquiátrica no estado.

Ao longo do século XX o hospital foi ampliado, atingindo o maior número de pacientes na década de 1960. Entre 1970 e 1980, surgiu o movimento pela reforma psiquiátrica no Brasil, com o objetivo de substituir os manicômios - marcados na época pela superlotação e maus tratos - por serviços na comunidade nos quais fosse possível oferecer tratamento para pessoas em sofrimento psíquico, mas sem privá-las de liberdade.

O resultado do movimento foi a Lei Federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que pôs fim ao confinamento de pessoas com distúrbios mentais crônicos e que assegura direitos a pacientes com transtornos psiquiátricos, estabelecendo protocolos de tratamentos que visam a reinserção social do paciente por meio da família e assistência em unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituídos por equipe multiprofissional.

A partir de 2000 as atividades da instituição foram reduzidas e não foram mais aceitos novos pacientes. Os internos remanescentes foram transferidos para outras unidades da Secretaria da Saúde em 2021.

Com a ocorrência de um incêndio em 2005, o prédio central construído por Ramos de Azevedo, foi destruído e a maior parte dos documentos do arquivo, perdida. Em seus 110 anos de existência, o hospital é um marco da história do país.