130 anos da abolição da escravidão no Brasil
Apresentação
Especial não é seção fixa na Revista do Arquivo, não obstante ser esta a terceira edição seguida a ser publicada. Porém, não havia como negar referência a essa efeméride tão importante e representativa da história brasileira. 130 anos é muito ou pouco? Depende da escala de tempo utilizada para observarmos a história humana. Certo é que os bisavós de pessoas que hoje têm 40 anos de idade viveram em um período em que vigia a escravidão legalmente instituída. Ou seja, nosso parente próximo.
Mas, isso é pouco importante. A escala numérica a mensurar história não é falsa, mas muito enganosa. Afinal, o que conta é que a escravidão no Brasil é fato ainda presente, em qualquer sentido, exceto o legal. Presente, principalmente, nas marcas ainda indeléveis desse odioso sistema que vigorou por quase quatro séculos, seja porque nossa libertação foi gradual e consentida, sem se desconhecer a luta incansável, multifacetada e ferrenha dos escravos, dos libertos e de abolicionistas; seja porque o sistema socioeconômico que substituiu o modelo escravista, o capitalista, é também baseado na exploração e na desigualdade econômica e social, cuja transição se deu de forma perversa.
A Revista destaca a referência aos 130 anos da abolição com uma excelente entrevista com a professora, pesquisadora e estudiosa do líder Luiz Gama, Lígia Fonseca; em seguida, dá o tom de atualidade da resistência, com homenagem à professora Eunice Prudente, em texto de autoria de Gislene Aparecida dos Santos[1] ; reapresenta texto produzido pelo pesquisador Alexandre Otsuka sobre o Jornal A Redempção, e, ainda, algumas indicações do Centro de Acervo Permanente sobre a documentação do APESP que guarda informações acerca do período escravista no Brasil.
E mais, expoentes da historiografia sobre escravidão estão presentes nesta edição: Lilia Schwarcz, Maria Helena Machado, Alexandre Otsuka, Lígia Fonseca, Ângela Alonso, Cláudia Santos. Assista aos vídeos do grande seminário concebido pela Profa. Dra. Maria Helena P. T. Machado, organizado pelo CDAP, realizado em novembro de 2015, que abordam o tema da escravidão e liberdade, tendo como mote o Jornal abolicionista A Redempção.
Aproveitem! É muita informação e cultura.
- [1]Eunice Prudente: Acadêmica, advogada e mulher negra no mundo do Direito. Texto publicado originalmente no livro Democracia, direitos humanos e justiça social: uma homenagem a Eunice Prudente, da militância à academia. Denise Auad e Bruno Batista da Costa de Oliveira (Orgs.). Editora Letras Jurídicas, São Paulo, 2017.