Governo
GOVERNO:
PLANEJANDO A MUDANÇA
A ação governamental teve importante papel no processo de ocupação territorial do estado, em especial em direção à região oeste. O governo era encarregado de executar os serviços e as obras de infraestrutura. Essas obras visavam buscar uma posição favorável de São Paulo com relação ao comércio internacional. Um dos principais órgãos encarregados dessa tarefa era a Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, criada em 1892. Essa secretaria teve papel fundamental em uma ampla gama de ações voltadas para o desenvolvimento econômico. As decisões ali tomadas tiveram grande impacto no processo de conhecimento do território e nas estratégias de ocupação para fomentar a agricultura, a indústria e o comércio. Para o interior, esse órgão tinha a missão de implantar políticas de desenvolvimento agrícola e ocupação territorial; ao mesmo tempo, foi determinante para a promoção do processo de urbanização. Teve ainda um importante papel nas políticas de saneamento básico e de implantação viária e obras públicas, como escolas, postos policiais, pontes e estradas. Essa secretaria foi também a principal responsável pela introdução de imigrantes por meio do pagamento das passagens de seus países até o Brasil, além do estabelecimento dos núcleos coloniais e o mapeamento das terras devolutas. Dentro dessa ação governamental, também podem ser destacados os trabalhos da Comissão Geográfica e Geológica (CGG), a qual desempenhou um papel importante no processo de ocupação territorial. Organizada desde 1886, ainda no Império, e antes mesmo da própria secretaria, essa comissão tinha a função de proceder ao levantamento geográfico, geológico e topográfico de São Paulo. Fez também importantes estudos sobre o clima, o solo e a vegetação. Além do café, a comissão foi essencial para o processo de colonização e o desenvolvimento de outras lavouras - como a de plantas utilizadas como forragem ou para produtos medicinais - e da indústria, como a têxtil.
As expedições organizadas por essa Comissão buscavam conhecer o território e demarcar as fronteiras do estado, e foram fundamentais para a expansão rumo ao Oeste Paulista. Eram muitas as dificuldades, na época, para se chegar aos locais. Eram utilizadas, principalmente, embarcações e ficaram famosas as expedições que navegaram pelos rios da região, Feio, Peixe, Tietê, Paranapanema e Paraná. A partir da década de 1930, um dos focos principais de desenvolvimento em São Paulo passa a ser a industrialização. No mesmo período, a antiga Comissão passou a se denominar Diretoria de Serviços Públicos e da Carta Geral do Estado; o trabalho desenvolvido se concentrou na busca de formas de utilizar as bacias hidrográficas para geração de energia. Em 1935, essa diretoria dá origem ao Instituto Geográfico e Geológico, que atuou por 37 anos e hoje se transformou no Instituto Geográfico e Cartográfico. Aparelhado com novas tecnologias, o Instituto se encarregou do levantamento das condições físicas e humanas das várias regiões do estado; para isso, foram usadas "fotografias aéreas" que retratavam o relevo, os crescentes núcleos urbanos, as principais construções e a infraestrutura ferroviária. Entre as décadas de 1960 e 1970, o trabalho, que desde o início com a, Comissão Geográfica e Geológica, teve preocupação científica, passa a utilizar ferramentas ainda mais modernas, se servindo de instrumentos de precisão e outros avanços tecnológicos que moldaram a forma de fazer ciência e de viver que temos hoje. A preocupação agora era com a organização e a gestão do espaço rural e urbano. Hoje, nossa realidade engloba imagens de satélite e modelos digitais, mas se não há mais "terrenos desconhecidos" no Estado de São Paulo, são fundamentais as informações que podem auxiliar a gestão e a implantação de políticas públicas eficientes, trazendo soluções aos problemas que a ocupação humana promoveu e melhorando a qualidade de vida de todos os habitantes.