Cidadãos
CIDADÃOS:
ÍNDIOS, NEGROS E IMIGRANTES
Se pensarmos nas pessoas que desbravaram, ocuparam, colonizaram e hoje moram no Oeste Paulista, perceberemos que são fruto das relações entre três grandes grupos: os índios, os negros e os imigrantes estrangeiros ou brasileiros. Nesse processo, grande peso é dado à imigração, pois, com a abolição da escravatura, houve uma opção deliberada por parte das elites e do governo pela busca de mão de obra estrangeira, ou seja, essa imigração fazia parte de uma política pública. Vários estudos apontam que havia uma preferência pela mão de obra do imigrante, justificada, parte dela, pela influência de teorias científicas racistas que sustentavam uma visão negativa do ex-escravo. A imigração em massa produziu, no final do século XIX e início do XX, enorme aumento do número de pessoas pobres que procuravam emprego, fazendo com que os salários diminuíssem para todos. Mesmo em condições desiguais, os negros foram tão presentes nesse processo quanto os imigrantes. Merece atenção a situação dos índios, ocupantes originais das áreas colonizadas. As tensões entre eles e os grupos que chegavam com a missão de ocupar as terras para a lavoura eram constantes. Os índios, mesmo em desvantagem, não eram passivos e faziam forte oposição aos colonos. As notícias sobre os conflitos tiveram, inclusive, repercussão internacional. O governo federal criou, em 1910, o Serviço de Proteção ao Índio, que tinha como objetivo pacificar os índios.
A situação foi controlada por volta de 1912, mas mesmo assim, as tensões na região foram grandes até a década de 1930 e em algumas regiões perduram até hoje. Se o café foi o motivo econômico para a situação social descrita acima, o seu declínio provocou a diversificação da produção agrícola e novas formas nas relações de trabalho. Nos anos 1930, houve o estabelecimento de maior descentralização das propriedades, ou seja, muitos colonos - a maioria imigrantes - passaram a ser pequenos proprietários rurais. Além disso, iniciou-se o processo de industrialização no estado, que criou um panorama cada vez mais urbano. Entre os anos 1950 e 1960, a mecanização se acelera no campo e modifica fortemente as estruturas socioeconômicas e, com elas, as relações de trabalho, acelerando o êxodo rural e a concentração das terras, que passaram a servir para grandes atividades agroindustriais. Percebe-se também uma mudança no perfil da imigração; não se trata mais do imigrante europeu ou asiático e sim de imigração interna em busca de novas oportunidades e melhor qualidade de vida. O sistema de trabalho não fixa mais o homem no campo e este passa a ser um trabalhador contratado por empreitada, em épocas específicas do ano e de acordo com os ciclos das colheitas - os chamados "bóias-frias". Esses trabalhadores moram nas periferias das cidades e trabalham nos campos, segundo a necessidade dos grandes empreendimentos.

1Para maiores detalhes, veja a exposição "A Imigração no Estado de São Paulo (1880 - 1920)": http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_imigracao/