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“Presença Negra no Arquivo: Luiz Gama, articulador da liberdade (1830-1882)” é registrada no Programa Memória do Mundo da Unesco

Publicado em 20/01/2025 | Fonte: APESP/Comunicação

O Arquivo Público do Estado de São Paulo anuncia que a candidatura intitulada “Presença Negra no Arquivo: Luiz Gama, articulador da liberdade (1830-1882)” foi reconhecida no prestigiado programa Memória do Mundo da UNESCO para América Latina e o Caribe.

Esta candidatura destaca a notável contribuição de Luiz Gama em um período crucial da história brasileira. Entre os documentos apresentados, estão 232 textos de 12 periódicos do século XIX que abordam a atuação de Luiz Gama, incluindo o livro “Matrículas de Africanos Emancipados” de 1864, que contém manuscritos assinados por Gama. O conjunto inicial foi identificado pelo pesquisador do Instituto Max Planck, Bruno Rodrigues de Lima, fundador da Sociedade Luiz Gama e organizador das obras completas do abolicionista, premiado pelo Jabuti Acadêmico de 2024, com o volume “Direito 1870 - 1875: Luiz Gama” (Ed.Hedra).

“A recente decisão da UNESCO é uma justiça histórica, reconhecendo a grandiosidade da obra de Luiz Gama, maior jurista do mundo moderno. Esta conquista é fruto do esforço da sociedade civil e do Estado de São Paulo, cuja missão é resgatar e recuperar esse legado custodiado pelo Arquivo Público”, comenta Bruno Lima.

Nesta candidatura, localizamos a presença de Gama nos seguintes jornais: “A República”; “Correio Paulistano”, "Democracia", “Diário de São Paulo”; “Gazeta do Povo”; “Gazeta da Tarde”; “Gazeta de São Paulo”; “Ó Ypiranga”; “Paulistano Radical”; “Tipografia de Santos”; “A Província de São Paulo” e “O Polichinello” (periódico em que Luiz Gama foi editor).

O programa Memória do Mundo, criado pela UNESCO em 1992, visa promover a conservação e o acesso ao patrimônio documental da humanidade, enfrentando desafios como tempo, falta de recursos, guerras e comércio ilegal de documentos. O Comitê Regional para América Latina e o Caribe (MoWLAC), criado em 2000, tem como objetivo preservar o patrimônio documental da região e até agora reconheceu 260 inscrições custodiadas em arquivos, bibliotecas ou museus da América Latina e Caribe.

O acervo de Luiz Gama é o sexto conjunto documental custodiado pelo APESP a ser considerado patrimônio pela UNESCO. Já foram reconhecidos o Fundo Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos (1983-2016), Arquivo da Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (1611-1852), o jornal abolicionista “A Redempção” (1887-1899), o arquivo do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo - DEOPS (1964-1985) e os Livros de Registro de Matrícula dos Imigrantes, do Memorial do Imigrante do Estado de São Paulo (1882-1973).

“Desta forma, verifica-se que o Arquivo reúne uma das maiores coleções de escritos jornalísticos produzidos pelo abolicionista Luiz Gama, refletindo uma parte significativa de seu pensamento que influenciou consideravelmente a história brasileira. Com esta candidatura no Programa Memória do Mundo pretendemos ampliar a divulgação da vida desta personalidade e possibilitar a inclusão de novos documentos sobre o advogado, que atualmente estão dispersos. Este reconhecimento deve-se à sua existência enquanto sujeito e à sua presença difusa nos documentos, refletindo seu pensamento e influência na história brasileira. Este reconhecimento não só ressalta a importância do abolicionista Luiz Gama, mas também marca um passo significativo do recém instituído Programa Presença Negra no Arquivo”, explica o coordenador do APESP, Thiago Lima Nicodemo, sobre a relevância dessa conquista.