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APESP lança exposição com fotos de pessoas negras geradas por IA narradas por Luiz Gama

Publicado em 14/05/2025 | Fonte: APESP/Comunicação

Quem acessa as dependências do Arquivo Público do Estado (APESP), logo vê uma série de fotos de pessoas negras coladas nas paredes externas. Gerados por Inteligência Artificial (IA), os rostos resgatam a identidade de africanos libertos e que estão descritos nos documentos de Luiz Gama, enquanto Escrivão de Polícia. 


A exposição “Eu, amanuense que escrevi...” estreia na próxima sexta-feira, 16 de maio, a partir das 14 horas no auditório do APESP. O evento também terá a entrega do certificado concedido pelo Comitê Regional para a América Latina e o Caribe do Programa Memória do Mundo da UNESCO (MowLAC), em reconhecimento ao acervo "Presença Negra no Arquivo: Luiz Gama". (Inscrições AQUI).


A mostra, que utiliza IA para reconstruir os rostos de africanos livres e emancipados por Gama entre os anos de 1864 e 1866, propõe a possibilidade de trazer identidade para as pessoas negras dessa época (poucos anos antes da abolição da escravidão), com objetivo de fornecer dignidade e humanidade a esses sujeitos sobre os quais não existem representações imagéticas.


Por meio dos documentos escritos por Luiz Gama, percebe-se a luta do abolicionista pela dignidade das pessoas negras. O racismo e a escravidão são formas de violência e não são pacíficos em nenhuma das vias, inclusive na resistência. O trabalho é totalmente baseado no acervo do APESP, mas utilizando outra linguagem para falar sobre essa documentação.


O idealizador da mostra, o artista e servidor do APESP, Diego Rimaos, teve o cuidado de treinar a inteligência artificial para vencer a questão do próprio racismo algorítmico, que utiliza bases eurocentradas e decoloniais na composição de imagens, criando rostos com referenciais africanos, com estilo de cabelo e detalhes das figuras de pessoas negras do século XVIII e XIX.


De acordo com Guilherme Vieira, responsável pela Coordenadoria de Difusão de Acervo, “foi um trabalho complexo! Nós partimos da fonte primária, tendo que trabalhar a mediação por meio da transcrição, que é uma forma de traduzir aquilo que está pouco acessível, depois equalizar isso para um prompt de comando para a inteligência artificial a fim de que ela gere uma imagem que vai materializar aquela coisa que está só em palavras. No final das contas, é uma poesia!”, conclui.



Diego Rimaos e o fruto de sua pesquisa sobre escravidão, imagens geradas por IA.