Em 1765, a Coroa decidiu nomear um capitão-general de reconhecida capacidade militar e fidalguia para restaurar a capitania e combater os espanhóis. Membro da pequena nobreza de Trás-os-Montes (norte de Portugal), Dom Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, quarto Morgado de Mateus, nasceu a 22 de fevereiro de 1722, e seguiu a carreira militar desde jovem. Em 1756, casou-se com Leonor Ana Luísa José de Portugal, irmã de Dom Francisco de Sousa Coutinho, governador de Angola. O prestígio do cunhado, aliado à notável atuação do Morgado na guerra contra os espanhóis, em 1762, aproximou-o de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal, homem forte do governo português. Escolhido como restaurador da Capitania de São Paulo, Dom Luís Antônio desembarcou em Santos em junho de 1765, e tomou posse na Câmara Municipal de São Paulo em abril de 1766.
O Morgado de Mateus assumiu um pesado encargo: o de reconstruir São Paulo a partir do estado de penúria que os sucessivos desmembramentos tinham provocado na capitania. Para cumprir este objetivo, organizou o governo, criou vilas em pontos estratégicos, recenseou a população e fomentou a economia. Por outro lado, sangrou as energias do seu governo com projetos demasiadamente ambiciosos, como a manutenção, a Oeste, da praça militar de Iguatemi, criada para desviar a atenção dos espanhóis da região do Prata.
Dez anos depois, de volta a Portugal, o Morgado de Mateus continuou justificando suas atitudes à frente do governo de São Paulo e reivindicando sua ascensão na carreira militar e na escala nobiliárquica, em constantes apelos ao rei Dom José e, posteriormente, a Dona Maria I. Morreu a 3 de outubro de 1798.
Um morgado era constituído por um conjunto de bens vinculados, inalienáveis e indivisíveis, que por morte do possuidor era passado ao filho primogênito, que recebia o título de Morgado, acrescido do nome da Casa ou terras que lhe competiam. Ex: Morgado de Mateus.
Sebastião José de Carvalho (1699-1782) foi o principal ministro do reinado de Dom José I, associado a uma série de medidas que reorganizaram o Império português. Recebeu os títulos de Conde de Oeiras, em 1759, e de Marquês de Pombal, em 1770.