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O legado de 1932

Apesar da derrota imposta aos paulistas no plano das armas – 135 mil soldados lutaram e cerca de 900 morreram no conflito – em uma guerra que durou menos de 3 meses, ainda existe uma discussão sobre o caráter vitorioso ou não do Movimento Constitucionalista. Com a rendição assinada em 1º de outubro de 1932 pelo comandante da Força Pública de São Paulo e o conseqüente fim do conflito armado, iniciou-se, no estado, uma nova batalha, dessa vez ancorada nas palavras.

De forma paradoxal, os envolvidos no conflito, especialmente suas lideranças, encontraram motivos para considerar o movimento vitorioso, ainda que do ponto de vista moral da batalha, tendo em vista a suposta superioridade de sua causa. Tal noção de vitória se evidenciaria para os paulistas, pelo fato de, após o fim do conflito, Vargas finalmente ter promulgado uma nova Constituição em 1934 e o país ter retornado ao regime democrático

Símbolo de um suposto separatismo paulista para uns, exemplo de hipotético civismo para outros, o conflito – objeto de mais de 200 livros nesses 80 anos – ainda hoje povoa a História e a política paulista. Tal fato é exemplificado não só pelos constantes festejos do aniversário da “Revolução”, organizados ora pelo Estado de São Paulo ora por clubes e associações de veteranos que lutaram em 1932, como pelo fato de, em junho de 2011, os nomes dos mártires do conflito – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC) – terem sido incluídos no Livro dos Heróis da Pátria.

O Monumento ao Soldado de 1932 do Parque Ibirapuera, em São Paulo, o mais famoso dos inúmeros monumentos aos soldados existentes em território paulista, é um exemplo desse objetivo. A sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sugestivamente, recebeu o nome de Palácio 9 de julho, numa clara alusão ao início do Movimento de 1932. Não por acaso, esse mesmo dia é considerado a data magna do Estado e feriado estadual civil desde 1997.

Assim, a guerra paulista de 1932, último conflito regional do período republicano de nossa história, permanece presente na atualidade. No intuito de rememorar o conflito e a “causa paulista”, bem como os “filhos da terra” que lutaram pelo Estado, há uma diversidade de ações que, juntas, mantêm viva na memória paulista o conflito armado entre São Paulo e o governo federal.

Arquivo Público do Estado de São Paulo