Exposição Atividades Pedagógicas Seleção de fontes

O conflito e o cotidiano

Devido à crise de 1929, São Paulo assistia à falência dos grandes proprietários agrícolas, que provocara a elevação do desemprego no campo e a diminuição do comércio e serviços na esfera urbana. Por essa razão, apesar do entusiasmo inicial a partir da Revolução de 1930, a perda de poder político no âmbito nacional causou certo ressentimento na população paulista.

Todo esse mal estar foi amplamente canalizado pelos dirigentes do movimento de 32 – em grande parte composto por industriais e comerciantes atingidos pela crise – durante o conflito.

O cotidiano da população da cidade de São Paulo foi bastante afetado durante o período da guerra. Vários itens de alimentação foram racionados ou modificados. Hospitais e fábricas tiveram suas jornadas de trabalho aumentadas. Locais como asilos, clubes, associações, conventos e igrejas foram mobilizados para servir de rede de apoio logístico ao esforço de guerra. As aulas foram suspensas e as escolas passaram a abrigar batalhões de soldados. O então nascente sistema de iluminação pública movido a eletricidade ficou comprometido, principalmente nos locais mais periféricos.

Grandes campanhas assistenciais foram efetuadas para arrecadação de donativos para os soldados e para as famílias dos mortos em combate, principalmente gêneros alimentícios e cigarros. Cinemas, teatros e programas de rádio realizavam sessões com renda destinada ao fundo de guerra.

A mobilização industrial também merece destaque. O Governo provisório que se instaurou não podia contar com aliados ou com artilharia, com aviação ou outros materiais bélicos, pois estes haviam sido confiscados pelo Governo Provisório após a Revolução de 1930. Estavam também em uma posição de isolamento causada pelos bloqueios impostos pelas tropas governistas.

Diante de tudo isso o esforço revolucionário conseguiu surpreendente nível de organização e desenvolvimento para o então nascente Parque Industrial do Estado de São Paulo.

Com a liderança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a participação da Associação Comercial, Escola Politécnica Paulista e Instituto de Engenharia entre outros, foi montado todo um aparato técnico para o esforço de guerra, em que máquinas foram adaptadas e armamentos e munições desenvolvidos, bem como organizados os estoques e a distribuição.

O nível de coesão e participação alcançado foi surpreendente.

Arquivo Público do Estado de São Paulo