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Em semana festiva o artista visual Denis Moreira recria o rosto de Tebas, personagem da exposição Presença Negra no Arquivo

Publicado em 27/09/2024 | Fonte: APESP/Comunicação

Como seria o rosto de Tebas? Não há registros em desenho ou pintura deste mestre de obras que viveu no século XVIII e foi um dos construtores de São Paulo. O desafio foi lançado ao artista visual Denis Moreira da Costa, que procurou pistas em pesquisas no acervo do APESP e em conversas com a equipe para recriar a fisionomia de Tebas da forma mais fiel possível. Assim surgiu a obra Tebas Mwana pwo, em quadro que mostra a transição do Tebas quando jovem, por volta dos 25 anos, de máscara por volta de 40 anos e aos 60 anos. Esta obra pode ser vista na Exposição Orbital Presença Negra: Tebas, inaugurada esta segunda-feira, abrindo a Semana Tebas no Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Para Denis o maior desafio foi recriar um rosto sem referências, nem mesmo um desenho do mestre de obras. Como o artista pesquisa máscaras africanas há muitos anos, foi nelas que encontrou inspiração. “Minha pesquisa entrelaça as máscaras africanas e suas funções com personalidades históricas negras brasileiras”, conta. Dessa forma, Denis Moreira chegou à máscara da região entre Angola, República Democrática do Congo e Zaire, que seria a de origem de Tebas.

A partir daí, Denis criou 150 retratos durante dois meses para chegar ao rosto de Tebas em dois momentos: jovem e maduro, com a máscara fazendo a transição dessas fases. O artista também reconstruiu o tipo de vestimenta desses diferentes períodos e com cédulas.

Denis Moreira deu uma entrevista ao coordenador do APESP, Thiago Nicodemo, sobre todo esse trabalho para criar o rosto de Tebas. Assista em nossas redes sociais (@arquivoestadosp).

Durante a Semana Tebas aconteceram diversas atividades, como a mostras de cinema para estudantes da rede pública. Na terça e na quarta-feira realizou-se a mostra “Cinema e relações raciais: o racismo no Brasil” foi ofertada aos alunos de ensino médio da EMEFM Vereador Antônio Sampaio. A atividade é uma das ações do projeto de pós-doutorado do professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Jairo Carvalho de Nascimento.

Foram exibidos na terça-feira os curtas ‘A Boneca e o Silêncio’, Mãe não Chora”, e o documentário “Quem te Penteia. Também foi realizada uma palestra com as diretoras dos filmes Carol Rodrigues e Naná Prudêncio, que contaram como foi o processo de criação das obras que falam sobre preconceito, raça, classe social e estética negra.

Na sequência, a mesa-redonda ‘Tebas: vida, obra e trajetória de pesquisa’ discutiu a figura de Tebas na história com o pesquisador Carlos Gutierrez Cerqueira, o jornalista Wagner Ribeiro e o historiador Luís Gustavo Reis.

Na quarta e quinta-feira realizou-se a oficina educativa “Bordando a São Paulo do tempo de Tebas”. Mesmo quem nunca fez um ponto correntinha aprendeu a bordar e encher de cores as imagens do papel em preto e branco.

Na quinta-feira à tarde foi apresentada a primeira edição do “Jogo do Arquivo: Tebas”, com cartões de atividades e blocos de construção. Lembra o jogo do banco imobiliário, mas com as obras de Tebas por São Paulo. Todas as atividades foram realizadas pela equipe do Centro de Difusão e Apoio à Pesquisa do APESP.

Quem foi Tebas – Joaquim Pinto de Oliveira, um dos inúmeros escravizados construtores da cidade de São Paulo, esteve por 30 anos trabalhando em Santos com o mestre pedreiro português Bento de Oliveira Lima, com quem teria aprendido o ofício da cantaria - arte de lavrar e talhar pedras para construir e usar nas ornamentações de fachadas e detalhes internos da arquitetura. Os negócios de Bento Lima trouxeram Tebas para a Vila de São Paulo, onde sua incrível habilidade técnica e artística foi reconhecida e onde se tornou referência no ofício. Sua habilidade o tornou uma figura importante na construção da cidade. Tebas é um dos personagens da exposição “Presença Negra no Arquivo”.

 Oficina educativa cria jogo a partir de obras de Tebas por São Paulo



Os pesquisadores Wagner Ribeiro, Carlos Gutierrez Cerqueira e Luiz Gustavo Reis participam da ‘Mesa Redonda – Tebas: vida, obra e trajetória de pesquisa’, contando suas relações com Tebas e possibilidades de pesquisa em arquivo.