Memória da Educação

Destaques

O documento exposto neste link trata-se de uma prova realizada por uma aluna matriculada no 4º ano do Grupo Escolar Antonio Padilha, na cidade de Sorocaba, interior do estado de São Paulo.

Nele, são apresentados os conhecimentos adquiridos pela aluna Maria Carolina Marins no decorrer do ano letivo de 1896. A prova dissertativa, aplicada ao final de cada ano, baseava-se em teste escrito acerca das diversas disciplinas escolares como Física, Botânica, Mineralogia, Língua Estrangeira, Língua Portuguesa, Música, entre outras áreas do saber. O trecho abaixo mostra os conhecimentos da aluna referentes à História do Brasil:

O primeiro governador do Brasil foi Thomé de Souza nomeado por D. João III, a fim de conter os selvagens, que sempre andavam inclinados a hostilisarem-se e a repellir os conquistadores do solo brasileiro.

Prova dos alunos. Coleção Instrução Pública, APESP. C05007.

Esse tipo de avaliação era o instrumento verificador que possibilitava ao aluno a promoção para o ano seguinte. Porém, esse método recebeu críticas por parte das Delegacias de Ensino, pois se acreditava que o aluno deveria ser avaliado por meio das atividades desenvolvidas ao longo do ano letivo.

Com a realização das próvas periódicas, mensalmente, e verificadas pelas autoridades escolares, unicas, a nosso vêr, que provam, realmente, o aproveitamento dos alunos, poderia ser suprimido o chamado “Exame Anual”... A promoção deveria ser baseada no trabalho efetivo e continuo de todo o ano, o que, facilmente, poderia ser verificado pelas autoridades escolares, na sua ultima visita á escola, no mês de novembro. Nessa visita, que seria bastante demorada, as autoridades verificariam, além das próvas periódicas, os cadernos de linguagem, cálculo, desenho, caligrafia, etc, e o aprendizado de outras disciplinas, através da leitura, única matéria em que em nosso ver, deveriam ser examinados os alunos.

Relatório ao Diretor Regional de Ensino, 1933. Botucatu. Coleção Instrução Pública, APESP. E7021.

Esses documentos nos direcionam ao discurso sobre a relação ensino-aprendizagem e metodologias de ensino e nos permitem avaliar que desde o final do século XIX essas preocupações já se faziam presentes no meio educacional.

Atualmente, as propostas educacionais também frisam a importância do trabalho contínuo do professor com relação ao aproveitamento escolar dos alunos, e a avaliação é concebida como um processo. Essa concepção, além de viabilizar o acompanhamento das deficiências de aprendizagem dos alunos, possibilita a avaliação do trabalho do professor.

[...] a avaliação não revela simplesmente as conquistas pessoais dos jovens ou do grupo de estudantes. Ela possibilita ao professor problematizar o seu trabalho, discernindo quando e como intervir e quais situações de ensino-aprendizagem mais significativas ao longo do ciclo.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Aprender e Ensinar História no Ensino Fundamental. In: Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998. p. 40.

A prova da aluna Maria Carolina nos leva à análise de outros fatores do ensino: as disciplinas que compunham o currículo escolar do período, o conteúdo ensinado, a metodologia aplicada, o desenvolvimento do aluno, formando assim uma rica fonte para compreensão das problemáticas históricas em torno da educação.

Destaques anteriores