“Ter que pagar pelos próprios sonhos deve ser o pior dos desesperos”
(José Saramago)
Nesta edição registramos a ausência de dois personagens que marcaram a história do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Inês Etienne Romeu e Sebastião Witter foram dirigentes da instituição em um dos seus momentos cruciais, quando se instituiu o Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo (SAESP).
Esta Revista presta merecida homenagem a esses dois dirigentes que nos deixaram legado inestimável.

Inês Etienne Romeu (1942-2015)
Diretora do Arquivo Público do Estado de São Paulo de 1984 a 1989
Nascida em Pouso Alegre, MG, em 1942, atuou na luta armada contra o Regime Militar (1964-1985) e foi dirigente de organizações de esquerda.
Foi a única sobrevivente da Casa da Morte[1] (Petrópolis-RJ), onde ficou presa clandestinamente e foi brutalmente torturada por 3 meses. Chegou a se casar quando ainda estava presa com o também preso político Jarbas Silva Marques.
Inês escapou da Casa da Morte porque seus captores acreditaram que ela havia aceitado se tornar uma infiltrada da repressão nas organizações de guerrilha, mas em 1979 foi ela quem denunciou a existência da maldita instalação que abrigou ações de terror do Estado.
Nos anos 1980, tornou-se diretora do Arquivo Público do Estado de São Paulo, participou ativamente da criação do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo (SAESP) e precedeu a constituição da Associação dos Arquivistas de São Paulo (ARQ-SP).
Faleceu em sua casa em Niterói-RJ, no dia 27 de abril de 2015.

José Sebastião Witter (1933-2014)
Supervisor do Arquivo Público do Estado de São Paulo de 1977 a 1988
Nasceu em Fernando Prestes–SP em 1933, formou-se em História pela USP e foi orientando de Sérgio Buarque de Holanda no mestrado e no doutorado.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), ocupou o cargo de supervisor do Arquivo Público do Estado de São Paulo e foi diretor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e do Museu Paulista.
Durante a gestão de Inês Etienne Romeu como diretora do APESP, trabalhou para a criação do SAESP.
Morreu em Mogi das Cruzes-SP no dia 7 de julho de 2014.
Notas
- [1] Casa da Morte – Ficou conhecido por este nome um dos centros clandestinos de torturas criado pela repressão durante a ditadura militar. Funcionou em uma casa na cidade de Petrópolis, RJ, que foi doada pelo empresário Mario Lodders. A existência da Casa da Morte foi denunciada pela única sobrevivente, a militante Inês Etienne Romeu.