Entenda o acervo

Os documentos que compõem o arquivo do Diário da Noite e Diário de São Paulo foram produzidos e acumulados ao longo das cinco décadas da publicação destes dois veículos. Hoje, a coleção está organizada em quase 200 mil pastas, contidas em 4.377 caixas (números do pré-inventário feito pela Associação dos Amigos do Arquivo).

Na lógica arquivística, a principal diretriz de trabalho com um fundo ou coleção é respeitar a organização original do conjunto documental. Isso quer dizer que ele será oferecido ao público refletindo a forma como foi arranjado pelo próprio produtor.

Clichês e ocorrências que o “Diário da Noite”vem estampando e registrando desde o seu primeiro número, são arquivados. O arquivo dos “Diários Associados” constitui uma das seções mais importantes da organização.
DSP 17/9/954 WSS

BR_APESP_ICO_DA_AMP_2661_009_0003

O arquivo do Diário da Noite e do Diário de São Paulo servia aos jornalistas dos dois veículos. O recurso a esse grande banco de dados, acumulado durante mais de cinco décadas, facilitava o dia-a-dia de repórteres e editores. Depois de uma consulta ao arquivo, os repórteres podiam ir para a rua bem documentados em relação ao assunto sobre o qual iam escrever – fosse ele um problema no transporte coletivo municipal, um novo jogador contratado por um time de futebol, ou uma entrevista com um escritor famoso.

Dentro da caixa, cada pasta diz respeito a um nome ou a um assunto. O 1,5 milhão de documentos do arquivo está dividido em dois grandes conjuntos: Nominais e Temáticos. O Nominal é um conjunto de 2.111 caixas, que reúne pastas sobre indivíduos, indexadas pelo método clássico: sobrenome primeiro, nome depois, por ordem alfabética. Algumas personalidades, sobre as quais existe muito material, chegam a ocupar uma caixa inteira ou até mais (Ex.: Vargas, Getúlio Dorneles; Natel, Laudo). Este segmento não apresenta grandes dificuldades de consulta.

Já as 2.027 caixas de documentos Temáticos apresentam uma complexidade maior. São divididas por assuntos. Entre os temas podemos observar Administração Pública; Agricultura; Animais; Armas do Brasil (relativo às Forças Armadas); Assistência Social; Associações; Brasil; Cidades; Ciência e Tecnologia; Colônias Estrangeiras; Companhias (Empresas); Comunicações; Concursos; Direito; Documentos Históricos; Economia, Finanças e Impostos; Educação e Ensino; Energia; Estado de São Paulo; Estados Federativos; Favelas; Fundações e Habitações; Guerra; Hospitais; Imprensa; Indústria; Manifestações; Países; Palácios Governamentais; Política Internacional; Política Nacional; Presídios e Penitenciárias; Religião; São Paulo – Capital; Sociedade; Subdesenvolvimento; Transporte; e Turismo.

Refletindo o perfil dos dois jornais, os maiores conjuntos temáticos são Artes, Esportes e Polícia. Cada um desses três conjuntos apresenta subconjuntos nominais.

Uma lista alfabética de personalidades ligadas à vida cultural pode ser encontrada nas caixas de Artes. Outras caixas nesse segmento são Temáticas, sempre dentro do assunto Artes.

No segmento de Esportes, temos diversas caixas temáticas e também listas nominais, como as de cavalos de corrida (Turfe) e Associações e Clubes.

Mas o segmento mais rico em subdivisões nominais é o de Polícia. Ali podemos encontrar uma grande variedade de subconjuntos nominais, como por exemplo: Contrabandistas; Estelionatários; Falsários; Falsos Policiais; Ladrões; Lenocínio - Repressão – Cáftens; Lenocínio - Repressão à Prostituição; Polícia (Geral); Punguistas; Raptos; Tarados; Tóxicos - Repressão Toxicômanos e Traficantes; e Vigaristas.

A organização e indexação do arquivo dos dois jornais refletem não apenas o período histórico destes veículos, mas também as condições em que eram produzidos, o perfil dos seus públicos, a história dos próprios veículos e a do jornalismo brasileiro.

Uma coleção das proporções do arquivo do Diário da Noite e do Diário de São Paulo exige instrumentos de pesquisa eficientes para o consulente virtual ou físico. Instrumentos de pesquisa são bancos de dados, guias, catálogos ou inventários que ampliam o acesso, ou seja, a possibilidade de consulta a documentos e informações.

A principal finalidade da descrição arquivística é facilitar a procura e o acesso ao acervo do público em geral. Ao ler a descrição, o consulente poderá ter uma ideia melhor do que é o acervo que ele pesquisa; qual é a instituição ou pessoa que o produziu; sua importância, dimensão e temas; sua lógica de produção/acumulação; e a época em que foi produzido/acumulado. A Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística, ou ISAD(G), assim define a utilidade deste instrumento:

“O objetivo da descrição arquivística é identificar e explicar o contexto e o conteúdo de documentos de arquivo a fim de promover o acesso aos mesmos. Isto é alcançado pela criação de representações precisas e adequadas e pela organização dessas representações de acordo com modelos predeterminados.” Para alcançar este objetivo, a descrição arquivística pode utilizar (o uso total não é obrigatório) até 26 diferentes campos, que abrigam informações diversas sobre o conjunto documental que está sendo descrito.

Veja aqui a descrição arquivística da Coleção Diários Associados de São Paulo.

Para conhecer mais de perto o conteúdo do acervo, pasta por pasta, o internauta pode acessar o catálogo nominal ou o catálogo temático em pdf da coleção. Ali, as caixas e pastas são identificadas, por número e conteúdo geral, facilitando uma eventual consulta física do acervo.

Referências:

CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS, ISAD (G): Norma Internacional de Descrição Arquivística. Segunda Edição, adotada pelo Comitê de Normas de Descrição, Estocolmo, Suécia, 19-22 de setembro de 1999, versão final aprovada pelo Comitê Internacional de Arquivos (CIA). Coordenação da Tradução: Vitor Manoel Marques da Fonseca. Arquivo Nacional. Rio de Janeiro, 2000.