A crise do sistema produtivo e o fim da escravidão, combinados com a necessidade de mobilização e força de trabalho livre para a lavoura cafeeira, em franca expansão, impulsionaram a imigração em São Paulo. A primeira experiência imigratória no estado aconteceu em 1840, mas a entrada expressiva de imigrantes só iria ocorrer aproximadamente 50 anos depois. Em São Paulo, a imigração assume características próprias. Os Núcleos Coloniais, experiência imigratória que prevalece no sul do país, por exemplo, têm papel secundário no estado. Os imigrantes atuaram, a princípio, como mão de obra complementar às grandes fazendas de café e, posteriormente, no desenvolvimento da indústria.

BASSANEZI, Maria; SCOTT, Ana; BACELLAR, Carlos; TRUZZI, Oswaldo.
Atlas da Imigração Internacional em São Paulo 1850-1950. São Paulo: Editora Unesp, 2008. p. 22.

No final do século XIX, a imigração é fomentada pela necessidade de mão de obra para a produção cafeeira e pela política de subsídios do governo paulista. Em 1902, a Itália estabelece o Decreto Prinetti, que proíbe a imigração subsidiada para o Brasil, refletindo em forte queda na entrada de imigrantes. Após breve recuperação, a imigração europeia sofre nova queda, provocada pela I Guerra Mundial. Com o fim do conflito a lavoura recupera-se, levando a novo surto migratório. Em 1927, encerram-se os subsídios para a vinda de novos imigrantes. Em 1930, com a crise provocada pela superprodução do café, o governo brasileiro impõe restrições à imigração, que só voltaria a crescer após a II Guerra Mundial, com o desenvolvimento da indústria. Sai de cena o colono, entra o operário.

BASSANEZI, Maria; SCOTT, Ana; BACELLAR, Carlos; TRUZZI, Oswaldo.
Atlas da Imigração Internacional em São Paulo 1850-1950. São Paulo: Editora Unesp, 2008. p. 19.

Italianos, portugueses e espanhóis são os primeiros a migrar em massa para o Brasil no final do século XIX. No início do século XX, os italianos chegam a compor mais da metade dos estrangeiros da capital. Em menor número, chegam os japoneses, austríacos e alemães. Na década de 1920, a imigração diversifica-se: são registradas entradas de romenos, lituanos, sírios, iugoslavos, polacos, entre outros. A vida dos recém-chegados não é fácil. O acesso à terra é difícil, e o sonho de “fazer a América” parece distante. Apesar da quantificação irregular, são significativas as taxas de emigração.

BASSANEZI, Maria; SCOTT, Ana; BACELLAR, Carlos; TRUZZI, Oswaldo.
Atlas da Imigração Internacional em São Paulo 1850-1950. São Paulo: Editora Unesp, 2008. p. 19.

Na última década do século XIX, o Brasil ocupava o 4º lugar em entrada de estrangeiros no continente americano, com 3,8 milhões de imigrantes, para o que contribuiu a forte política de subsídios do governo brasileiro, que arcava com os gastos de viagem e com o alojamento dos imigrantes. A imigração espontânea, feita a própria custa do colono, também era frequente. Já em declínio, a política de subsídios foi encerrada em 1927.

Fonte: SÃO PAULO. Relatório da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
1892, 1894-1895; 1898-1908; 1910-1914; 1916-1930. Arquivo Público do Estado de São Paulo.

A imigração subsidiada priorizava a vinda de famílias e homens adultos ao país, que desembarcavam no Porto de Santos e eram levados de trem até a Hospedaria dos Imigrantes, na capital. Localizada no bairro do Bom Retiro e, posteriormente, no Brás, em São Paulo, a Hospedaria de Imigrantes era destinada a abrigar os recém–chegados nos seus primeiros dias em São Paulo. Em geral, eles ficavam lá hospedados por pouco tempo, até a regularização de seus contratos de trabalho. Acompanhe a movimentação de pessoas alojadas na Hospedaria dos Imigrantes no período de 1894 até 1930:

Fonte: SÃO PAULO. Relatório da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
1892, 1894-1895; 1898-1908; 1910-1914; 1916-1930. Arquivo Público do Estado de São Paulo.