Lucia Maria Velloso de Oliveira[*]
Leandro Jaccoud[**]
Priscila Vaisman[***]
Resumo:
O presente artigo analisa o uso da tecnologia para a promoção dos arquivos numa perspectiva de aproximação com a sociedade, considerando a experiência com o projeto de criação do sítio Escravidão, abolição e pós-abolição, desenvolvido pela Fundação Casa de Rui Barbosa. O texto explora a possibilidade de instituições criarem um produto voltado para a disponibilização de cópias digitais de imagens, manuscritos e periódicos, mas também que permita a formação de um novo público para os arquivos, que pode ser constituído pelo cidadão comum e pelo jovem.
Palavras-chave:Arquivo e tecnologia, Educação patrimonial, Arquivo e sociedade.
Abstract:
This article analyzes the use of technology for the promotion of archives in a perspective of approaching society, considering the experience with the project of creation of the site Slavery, abolition and post-abolition, developed by Fundação Casa de Rui Barbosa. The text explores the possibility for institutions to create a product that will provide digital copies of images, manuscripts and journals, but also to allow the formation of a new audience for the archives, which can include ordinary people and young people.
Keywords:Archive and technology, Cultural heritage education, Archive and society.
1. Introdução
O texto discute a importância do uso da tecnologia para incentivar o interesse do jovem pelos documentos de arquivo, para alimentar o vínculo entre a sociedade e os arquivos, por meio de experiências virtuais que propiciam a identificação do indivíduo com a história do país, e para oferecer ao pesquisador cópias digitais de imagens, manuscritos, periódicos ou textos para uso e também para reprodução. Ao longo do texto vamos explorar esses três grandes objetivos tendo como referência o projeto de construção de um sítio Escravidão, abolição e pós-abolição, coordenado por Lucia Maria Velloso de Oliveira e lançado em 23 de novembro de 2015 pela Fundação Casa de Rui Barbosa/MinC, instituição responsável por ele.
2. Escravidão, Abolição e Pós-Abolição
A proposta de construção do sítio Escravidão, abolição e pós-abolição privilegiou a promoção de acervos e estudos sobre a escravidão e a pós-abolição por meio de sitio composto por objetos digitais (textos e imagens), produtos informacionais e de links. A Fundação Casa de Rui Barbosa possui rico acervo arquivístico sobre os temas entre os diferentes arquivos e coleções que estão sob custódia do Serviço de Arquivo Histórico e Institucional (SAHI).
Os arquivos pessoais sob custódia do SAHI perpassam por um período importante para a história dos afrodescendentes no Brasil. Seu acervo evidencia o papel desses personagens no cotidiano da sociedade e na trajetória política brasileira, e as transformações sociais que ocorreram no período do final do Império e a primeira República. Destacamos, nesse sentido, o arquivo de Rui Barbosa e a coleção Família Barbosa de Oliveira.
O arquivo de Rui Barbosa, que recebeu em 2011 a nominação no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO, é formado por documentos textuais e iconográficos que retratam a vida familiar, social e pública de seu titular do período de 1849 a 1923. Rui Barbosa possuiu um papel relevante para o fim da escravidão e para a implantação da República. Seus documentos representam o seu pensamento abolicionista e o seu anseio por um país republicano. A coleção Família Barbosa de Oliveira consiste em documentos textuais e iconográficos que retratam a vida familiar, política e econômica de famílias de destaque na vida do país.
Os documentos selecionados registram aspectos da escravidão, da vida dos escravos, da organização da produção nas fazendas, do pensamento do proprietário de escravo, da substituição gradativa da mão-de-obra escrava pelo trabalho dos imigrantes, da criação de movimentos pelo fim da escravidão e das ideias divulgadas na imprensa. No sítio, foram disponibilizados também artigos de jornais de época sob custódia da biblioteca da instituição. Procuramos reunir documentos relacionados com esse período de transição do Brasil, já que os documentos arquivísticos produzidos em um mesmo período histórico oferecem a possibilidade de um retrato de época e são indicadores do pensamento e comportamento dos grupos sociais que convivem entre si. Paralelamente, a imprensa foi um veículo essencial para apresentar algumas características do funcionamento de uma sociedade escravocrata e a difusão das ideias abolicionistas.
É grande a demanda no Serviço de Arquivo Histórico e Institucional por documentos em torno desses temas. Assim, a produção de cópias digitais dos mesmos e sua disponibilização para o uso on-line do pesquisador é estratégica para a rotina de pesquisa dos usuários e também para a preservação dos originais.
Na programação do SAHI existem ações voltadas para o fortalecimento do vínculo entre o cidadão e os documentos. A digitalização de documentos e sua disponibilização no sítio institucional é uma ação contínua, além da organização de mostras de documentos em consonância com a agenda institucional da cidade, do estado ou do país. Por exemplo, anualmente, no mês de maio, é realizada uma mostra de documentos sobre escravidão ou abolição. Mas somente os visitantes ou moradores da cidade do Rio de Janeiro podem se beneficiar dessa oportunidade.
Um ponto sensível no campo dos arquivos é a questão da educação patrimonial. Diferentemente do museu e da biblioteca, não temos a tradição de estimular as crianças ou jovens a se aproximarem do “mundo dos arquivos”. Em parte, esta prática vincula-se à questão da preservação do documento arquivístico, que é único. E aí, mais uma vez, percebemos uma oportunidade de uso da tecnologia. Com ela, é possível manusear as cópias digitais de originais, virtualmente transformar um documento (sua cópia) em um quebra-cabeça, iluminar trechos de textos e tantas outras que, ao final, abrem as portas dos arquivos para os jovens.
As iniciativas de educação patrimonial devem ser cada vez mais estimuladas no Brasil. A partir delas é possível colocar os jovens em contato com as narrativas produzidas sobre a história de seu país. Paralelamente, essas iniciativas criam oportunidades significativas de conscientizá-los sobre a relevância dos arquivos para a sociedade, enquanto instituições responsáveis pela organização, pela guarda, pela conservação e pelo acesso ao patrimônio documental (BARBATHO; JACCOUD, 2017). O desafio reside, entretanto, na formulação de atividades que sejam atrativas aos mais jovens, cada vez mais atraídos pela diversidade de conteúdos disponíveis no mundo digital (FRATINI, 2009).
Para a realização do projeto, foi constituída uma equipe com dupla formação (História e Arquivologia) e, para o desenvolvimento técnico, foi contratada equipe de tecnologia de informação por meio do Laboratório (LAMBDA) da PUC-RJ.
O sítio se divide em diferentes áreas: Exposições, Jogos; Estante digital; Vocabulário controlado; Sítios correlatos; Quem somos; e Fale conosco A apresentação da equipe está na área Quem somos e, em Fale conosco, oferecemos um canal de comunicação com o usuário do sítio. As demais áreas serão sucintamente descritas adiante.
3. O que queremos quando expomos documentos?
A área de exposições do sítio Escravidão, abolição e pós-abolição é um espaço facilitador da comunicação entre os arquivos e a sociedade. Para isso, são utilizados como matéria-prima os arquivos pessoais e conjuntos de documentos, já mencionados anteriormente.
Atualmente, estão disponíveis no sítio as exposições O registro da escravidão na vida privada (volumes 1 e 2) e A abolição e seus registros na vida privada. Como os próprios títulos já sugerem, essas propostas expositivas buscam congregar a temática referente à escravidão africana, abolicionismo e pós-abolição da escravatura no Brasil com a utilização de arquivos pessoais, numa tentativa de aproximar o conhecimento histórico mais tradicional de um público que não necessariamente é especializado.
As três exposições disponibilizadas são apresentadas no formato de catálogos compostos por arquivos digitais de documentos, com as respectivas descrições, notas de pesquisa e transcrições paleográficas. Este conteúdo adicional, elaborado especificamente para as exposições, auxilia tanto na compreensão da informação contida nos documentos quanto na apresentação do contexto histórico dos mesmos.
Com a proposta de tornar esta área mais dinâmica, os catálogos simulam o manuseio e o movimento de um impresso em papel, além de organizarem visualmente os documentos selecionados. Os catálogos possuem um índice de navegação sugerido, mas também permitem a visualização livre, sem a obrigatoriedade de seguir um percurso expositivo pré-estabelecido. O visitante que acessa o espaço igualmente possui a opção de clicar e ampliar os documentos, que são em sua maior parte manuscritos, facilitando a leitura. Ainda como um recurso facilitador da leitura, determinados documentos são acompanhados por sua respectiva transcrição paleográfica. Também é possível realizar o download das cópias digitais de qualquer documento que seja parte integrante dos catálogos.
Ao disponibilizar as cópias digitais dos documentos de arquivo para download, esta área do sítio propõe uma ampliação das possibilidades de uso dos documentos de arquivo e incentiva que os mesmos sejam ressignificados.
As exposições como formas de ressignificação dos acervos arquivísticos representam, também, uma ampliação do papel do arquivista, evidenciando as atividades de pesquisa, de curadoria, de transcrição paleográfica e preservação de documentos, e de produção de uma agenda cultural programada (VAISMAN; SOUZA, 2016, p. 139).
4. É possível brincar?
A área destinada aos jovens entre 14 e 18 anos foi criada para desenvolver em tal público o interesse pelos temas da escravidão e da abolição, por meio do contato com cópias digitais de documentos originais e com a dinâmica dos jogos interativos. Esta iniciativa educativa se apresenta em 4 (quatro) atividades diferentes caça-palavras; desafio paleográfico; jogo da memória e quiz associativo que serão detalhadas em seguida.
Caça-palavras:
Trata-se de um passatempo tradicional que consiste em um conjunto de letras distribuídas numa grade, aparentemente desordenada, cujo objetivo é o jogador circular as palavras pré-definidas no menor tempo possível.
Para esta atividade, serão utilizadas fontes primárias textuais manuscritas ou datilografadas, selecionadas no acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, que tratem do tema da escravidão, da abolição ou do período pós-abolicionista.
Para além de seu apelo voltado para a disciplina histórica, trata-se de um exercício que permite a percepção da transformação na escrita ao longo do tempo e o estímulo à apropriação de conceitos/significados de termos desconhecidos. Em alguns documentos, encontram-se palavras grafadas de maneira completamente diferente daquela que conhecemos atualmente. Por exemplo, em uma carta assinada por Rui Barbosa, em 1881, a palavra “omitir” aparece grafada como “ommittir”.
Desafio da Transcrição Paleográfica
Atividade em que o participante terá diante de si um documento textual manuscrito do século XIX ou do início do século XX, também selecionado a partir do acervo da FCRB. O desafio é compreender a escrita do produtor do documento, transcrevendo o trecho selecionado. A mesma atividade pode aparecer de forma mais direcionada, na qual o usuário escolhe, entre três alternativas, a transcrição paleográfica correta.
O jogo permite que o participante tenha maior contato com a realidade na época em foco. Adiante, a atividade aproxima o jovem de algumas das etapas constitutivas da pesquisa científica, quais sejam a leitura atenta e a interpretação das fontes primárias produzidas em contextos estilísticos e linguísticos distintos.
Jogo da Memória
Trata-se de um passatempo tradicional em que um conjunto de figuras é duplicado em peças diferentes e disponibilizado com as imagens escondidas para que o participante do jogo, ao virá-las, tente encontrar imediatamente o par adequado.
Para a confecção dessa atividade, foram utilizadas fotografias que integram o banco de imagens da FCRB e charges presentes nas coleções de revistas também pertencentes à instituição.
O passatempo permite que o participante reconheça personagens importantes no conflito entre o grupo que defende a manutenção da escravidão e o grupo que defende o seu fim. Além disso, as charges utilizadas capturam os principais acontecimentos daquele momento histórico (embates políticos, aprovação de leis etc.). A atividade é capaz, ainda, de estimular a capacidade de concentração, o raciocínio lógico e a memória fotográfica dos jovens que se dedicarem a interagir com ela por algum tempo.
Quiz Associativo
A proposta do jogo é que o participante, a partir da observação de uma imagem ou da leitura de um documento textual selecionados no acervo da FCRB, responda 5 (cinco) perguntas que se sucedem. O jogo permite testar a capacidade do participante de observação aos detalhes, assim como de memorizar informações relevantes presentes na fotografia, charge ou documento.
5. Construindo a ponte com o usuário
O uso da tecnologia na sociedade contemporânea, para a execução de uma série de ações e atividades, influenciou de certa forma a metodologia de pesquisa dos usuários, em especial, na forma como buscam a informação. Cada vez mais, as instituições investem em ferramentas tecnológicas para atender o usuário remoto, o marketing em torno do uso da tecnologia cria a expectativa de que a mediação será pacífica e os problemas de atendimento ao usuário serão sanados. É necessário, no entanto, analisar alguns aspectos.
Temos realizado pesquisas para acompanhar o uso dos arquivos, o perfil do usuário e suas pesquisas. Os resultados sempre apontam para um usuário que busca a autonomia, a rapidez e um maior interesse em realizar suas pesquisas remotamente. O historiador, por exemplo, em nossas pesquisas
considera o atendimento remoto como um serviço de alta relevância (97% dos historiadores) e que deve ser oferecido pelos arquivos, o que vem a corroborar as expectativas e demandas contemporâneas de uso e acesso aos acervos arquivísticos. (OLIVEIRA; BARBATHO, 2016, p. 232)
Os dias dos pesquisadores que pesquisavam longos meses nos arquivos parecem que estão deixando de existir:
Os pesquisadores da nova geração digital esperam serviços cada vez mais avançados e ágeis, o que, para a arquivística, implica a necessidade de uma contínua atualização das ferramentas de busca e de recuperação da informação, assim como de disponibilização dos acervos em versão digital e on-line, sendo a ausência deste, inclusive, apontada pelos historiadores como um dificultador no momento da pesquisa. (OLIVEIRA; BARBATHO, 2016, p. 234)
Mas assegurar a disponibilização de cópias digitais online não significa que o usuário irá encontrar o que está procurando. Pareceu-nos fundamental investir na linguagem, porque é por meio dela que o processo de recuperação da informação está baseado. É preciso promover a comunicação entre o usuário e o sistema que está viabilizando o acesso às informações sobre os acervos ou às cópias dos documentos. Nesse sentido, identificar os pontos de acesso que podem ser utilizados como mecanismos de encontro entre o usuário e o que ele busca e padronizar a linguagem de forma a melhorar o processo de recuperação da informação são ações que ampliam a assimilação do usuário do ambiente onde estão as informações e documentos em cópia e promovem a sua autonomia.
Entendemos que o processo de definição dos pontos de acesso é mecanismo fundamental para que o usuário possa atingir seus objetivos e executar sua pesquisa em uma base de dados. Mas harmonizar a linguagem, estabelecer os conceitos dos termos usados e definir um vocabulário para basear a comunicação oferecem os meios de se evitar questões de ordem terminológica que podem levar ao equívoco ou a resultados de buscas inconsistentes para o usuário.
Foi realizado trabalho de pesquisa para a produção de uma publicação eletrônica que reúne termos em torno da Escravidão, Abolição e Pós-Abolição, e a mesma se encontra acessível no sitio[1] . O levantamento dos termos considerou o Guia Brasileiro de Fontes para a história da África negra e do negro na sociedade atual, bases de dados do Arquivo Nacional, banco de teses da CAPES, o catálogo de terminologia da Biblioteca Nacional, os inventários da Fundação Casa de Rui Barbosa e sua base de dados de terminologia, a legislação e um conjunto de obras.
Cabe ressaltar que o vocabulário não buscou ser exaustivo, mas sim refletir o contexto político, social, cultural e econômico de uma época – o início da escravidão no Brasil até a segunda década do século XX, dialogando com a contemporaneidade. Dessa forma, alguns termos escolhidos, que não comporiam normalmente um vocabulário controlado de temas, como termos de tipologia documental, ou mesmo nomes de instituições, estão presentes nesta obra. (OLIVEIRA; 2015, p. 6)
A padronização da linguagem e o nivelamento dos conceitos facilitam a comunicação e inserem o usuário no contexto de preparação dos materiais para a sua consulta.
Outro aspecto relevante no trabalho do pesquisador é o tempo destinado ao levantamento de fontes. Apesar de existirem ferramentas de busca capazes de apresentar uma lista a partir de um termo, os resultados podem ser aleatórios. Dentro do conceito de construir um ambiente onde quem estiver pesquisando sobre Escravidão e Abolição pudesse navegar e realizar sua pesquisa, foram criadas duas áreas - a Estante digital e Sítios correlatos - onde o pesquisador pode baixar textos, documentos ou entrar em links de sítios relacionados ao tema, e encontrar teses, dissertações, projetos ou grupos de pesquisa.
O cenário que apresentamos, de construção de um ambiente para o usuário realizar suas pesquisas remotamente, implica em um esforço da equipe em considerar suas necessidades e suas expectativas, bem como assumir como pressuposto que o investimento na mediação deve partir da instituição custodiante do acervo e responsável pela disponibilização de um ambiente onde não existe a relação usuário-arquivista presencial.
Conclusão
Durante a etapa de concepção do sítio Escravidão, abolição e pós-abolição, a equipe envolvida no projeto teve a preocupação com a captação do comportamento do usuário frente ao produto a ser disponibilizado. Nesse sentido, além de conhecer a possibilidade de utilização do Google Analytics para a produção de relatórios, a equipe solicitou à empresa desenvolvedora a criação uma ferramenta semelhante que ajudasse a traduzir o alcance dos jogos perante seu público-alvo. Esses relatórios têm demonstrado, de maneira geral, o sucesso da iniciativa.
Desde sua disponibilização ao público, em novembro de 2015, o sítio Escravidão, abolição e pós-abolição foi visitado por 12.863[2] usuários. Ao todo, foram visualizadas 46.901 páginas e inicializadas 16.935 sessões.[3] Os usuários gastaram em média 3 minutos para cada uma dessas sessões.
O Brasil foi o país que concentrou o maior número de usuários visitantes (11.053), seguido pelos Estados Unidos (485) e pelo Reino Unido (174). Nesse ranking, devem ser considerados, ainda, os acessos provenientes de Portugal (122) e da Alemanha (80).
A taxa de rejeição do sítio é, atualmente, de 57,59%. A taxa de rejeição é o indicador que mede a porcentagem de sessões que foram iniciadas e abandonadas sem qualquer interação com a página. Uma análise mais apressada pode sugerir que não há, por parte dos visitantes, a aceitação do conteúdo selecionado. Especialistas, entretanto, indicam que, para sítios de conteúdo, como é o Escravidão, abolição e pós-abolição, a taxa de rejeição pode variar entre 40 a 60%[4], o que confere relevância ao conteúdo disponibilizado no sítio.
A home do sítio foi, de longe, a página mais visualizada (12.945) pelos usuários. A Estante digital, por sua vez, ocupa, até o presente momento, o segundo lugar nesse ranking, com 4.701 visualizações, seguida bem de perto pelo módulo educativo com 4.611 visualizações. Deve-se destacar, também, o desempenho da página das exposições, que obteve quase 3 mil visualizações. Por fim, terminam a lista a página do vocabulário controlado (1.693) e o ambiente de sítios correlatos (1.394).
Os relatórios permitem afirmar que o módulo de jogos online possui uma importante participação na interação do público com o sítio. O Quiz é a modalidade de jogo mais apreciada, com 3.033 partidas iniciadas desde a inauguração do sítio. Em seguida, destacam-se, respectivamente, o jogo da memória (2.338), o caça-palavras (1.812) e, por fim, o jogo da transcrição paleográfica (1.579).
O projeto do sítio comprovou que iniciativas de utilizar a tecnologia para a promoção da aproximação entre o cidadão e os arquivos são interessantes como parte do processo educacional e de identificação. Nesse sentido as instituições de preservação de acervos devem fomentar ações semelhantes porque o fortalecimento da cidadania depende também da vinculação entre o indivíduo e a sua história.
Notas
- [*] Lucia Maria Velloso de Oliveira (luciemarie@gmail.com)
- [**] Leandro Jaccoud (leandro.jaccoud@gmail.com)
- [***] Priscila Vaisman (priscilavaisman@gmail.com)
- [1] Disponível em: <http:// www.memoriaescravidao.rb.gov.br/ pdf/V ocabularioControlado.pdf>
- [2] Os dados disponibilizados foram obtidos a partir dos relatórios emitidos pelo Google Analytics e pelo ambiente de relatórios do próprio módulo educativo do sítio Escravidão, abolição e pós-abolição, entre os dias 1 de novembro de 2015 e 26 de janeiro de 2018.
- [3] Há uma distinção entre visualização de páginas e inicialização de sessões. Enquanto a visualização de páginas se refere ao total de páginas efetivamente vistas, incluindo as repetições, a inicialização das sessões se refere ao ato de interagir com o sítio, passando de uma página a outra, ao longo de um mesmo acesso.
- [4]No texto Taxa de Rejeição: saiba como compreendê-la e evite erros em sua análise, disponível no sítio Marketing de Conteúdo, Renata Santiago aponta os seguintes parâmetros de aceitação de taxas de rejeição para cada tipo de sítio: a) Varejo – 20 a 40%; b) Landing pages simples – 70 a 90%; c) Portais (exemplo: MSN, G1) – 10 a 30%; d) Sites de serviço/FAQ – 10 a 30%; e) Venda de Serviços (geração de leads) – 30 a 50%; f) Sites de conteúdo – 40 a 60%; e g) Blogs – 70 a 98%. Disponível em <http:// marketingdeconteudo.com/ taxa-de-rejeicao/ >. Acesso em: 1 dez. 2016.
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- VAISMAN, Priscila Soares; SOUZA, Vanessa Rocha de. As exposições da Fundação Casa de Rui Barbosa na internet. In: OLIVEIRA, Lucia Maria Velloso de; PANISSET, Bianca Therezinha Carvalho; OLIVEIRA, Isabel Cristina Borges de (Org.). Arquivos pessoais e cultura: o direito à memória e à intimidade. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2016. p. 130-140.