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Por que abordar a Revolução de 1924?

 

   A exposição virtual “A Revolução de 1924” busca rememorar um evento quase ausente da memória paulista.

 

   Tal Revolução ocorreu em São Paulo e foi um conflito armado entre o Governo Federal, representado na figura do Presidente Arthur Bernardes, e parte das Forças Armadas. O movimento revoltoso foi classificado por seus oponentes como mashorca¹, conspiração, subversão, sedição, conluio, motim e revolta. Essa visão foi preservada por muitos que escreveram posteriormente sobre os acontecimentos de 1924. A Revolução foi definida como uma revolta contra a Pátria, sem fundamento, encabeçada por membros “desordeiros” do Exército Brasileiro. Já a população paulista foi apresentada como vítima ou agente imparcial diante dos eventos, o que de fato não ocorreu.

 

  Sabemos que a escrita da história é repleta de intencionalidades e que as percepções acerca do passado são múltiplas. Porém, nas disputas pela memória, existem tensões entre diversos grupos sociais, e alguns tentam fazer valer uma versão unilateral dos acontecimentos, que acaba se convertendo em versão oficial. Talvez essa seja a grande riqueza ao analisar o passado sob a perspectiva de nosso presente: perceber a construção e desconstrução de memórias e romper com o silêncio imposto àqueles que são chamados frequentemente de “vencidos”. A Revolução de 1924 é um desses eventos esquecidos, que são deixados em um quarto escuro até que alguns resolvam acender a luz e esmiuçá-lo.

 

São Paulo, setembro de 2010

 

 

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¹ Termo frequentemente utilizado em periódicos e discursos, entre as décadas de 1900 e 1940, para nomear sedições armadas. Trata-se de palavra de origem hispânica.