CARTOGRAFIA, MEIO AMBIENTE E HISTÓRIA: CONVERGÊNCIAS
Com foco no acervo cartográfico e iconográfico sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo, a Exposição "Oeste Paulista: Transformações" tem como objetivo apresentar fontes documentais que possam auxiliar a trazer novos olhares para a discussão sobre o processo de ocupação e urbanização, e seus personagens principais - estado, empreendedores, índios, negros e imigrantes - de uma das mais importantes regiões de São Paulo. Refletir sobre esse processo é fundamental para entender a história do estado e, assim, termos maior clareza quanto aos caminhos que queremos trilhar no futuro.
Recentemente, dois olhares diferentes têm juntado novas contribuições para a análise histórica: a história ambiental e a cartografia histórica.
Enquanto linguagem, os mapas das cidades e das paisagens são imagens com grandes potencialidades tanto como campo de estudo quanto fonte de pesquisa, possibilitando que o foco da investigação se fixe nas relações entre a história e a cartografia, principalmente a urbana. Assim, os mapas têm sido bastante utilizados como fontes de pesquisa em vários campos da História Cultural.
A representação do mundo através dos mapas apresenta evidências históricas da necessidade humana de descrever, situar-se e controlar o mundo desde a pré-história. De maneira geral, os mapas podem ser vistos não apenas como um conjunto de técnicas, mas principalmente como uma construção social do mundo que se expressa por meio da cartografia.
PLANTA Geral do Estado de São Paulo. São Paulo, [1897]. 1 mapa. Escala 1:200.000. Acervo APESP.
MAPPA Geral do Estado de S. Paulo reproduzido do da Comissão Geographica e Geologica do Estado. São Paulo, 1913. 1 mapa. Escala 1:1000000. Acervo APESP.
CARTA da Divisão Admnistrativa e Judiciária do Estado de São Paulo (Brasil). [São Paulo], [1954]. 1 mapa. Escala 1:1000000. Acervo APESP. Fundo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Por outro lado, a história ambiental tem seu foco nos acontecimentos que modificaram e também foram modificados pelo ambiente. Em sua análise dos processos históricos, ela tem como objetivo a reflexão sobre o entendimento de como os homens conduzem e são conduzidos pela relação com o entorno. Por essa razão, esse estudo busca entender como o ser humano percebe o mundo natural, como as inovações tecnológicas influenciam a transformação da natureza, como ocorrem os processos ecológicos e também como os processos e decisões políticas influenciam nessas transformações.
Essa perspectiva de análise proporcionou uma interação crescente entre a ecologia e a geografia no estabelecimento de questões de história ambiental.
Resumidamente, trata-se de: a) entender como a natureza funciona; b) como as relações socioeconômicas interferem na interação com o meio ambiente; e c) como nossas visões de mundo - percepções, valores éticos, leis, mitos, entre outras questões - interferem e influenciam o diálogo entre o ser humano e a natureza.
Os itens acima podem também ser percebidos nas dimensões tríplices em que se baseia o conceito de sustentabilidade. Tema extremamente atual, presente tanto na arena política e social quanto acadêmica e midiática, o termo sustentabilidade - ou desenvolvimento sustentável - surgiu na década de 1980 e ganhou força durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), a Rio 92.
Genericamente, a sustentabilidade é dimensionada em três aspectos: o ambiental, o econômico e o social. Na busca pela sustentabilidade, a análise conjunta desses aspectos se faz necessária, pois o diferencial fundamental está nas relações estabelecidas entre essas dimensões.
Além disso, do ponto de vista educacional, falamos aqui de um importante tema transversal sempre carente de novos instrumentos e abordagens que facilitem sua assimilação com perspectivas e orientações diferenciadas, que tragam situações de aprendizagem ativas e abordem os problemas no nível local, regional e global.
Com base em pressupostos da cartografia histórica, da história ambiental e da sustentabilidade, as fontes documentais cartográficas, iconográficas e textuais estão distribuídas em sete ambientes que tratam de questões sobre o meio ambiente, a economia e a sociedade, seguidos pela apresentação de alguns aspectos acerca dos atores sociais envolvidos no processo de ocupação da região do Oeste Paulista. Também é possível percorrer alguns municípios e conhecer sua história e dados atuais.
Ao entrar nas salas, basta clicar nas imagens e você terá acesso às fontes digitalizadas. Não deixe também de examinar o ícone de informações para ter acesso às legendas e dicas sobre os documentos.
Esperamos que você aprecie a viagem por esta parte de nosso acervo e conheça um pouco mais da história do Estado de São Paulo.