Manuscritos no Século XXI

      Com o advento da máquina de escrever e, mais recentemente, do computador, seguido pela massificação de seu uso, podemos pensar que a escrita manuscrita está a perecer e que seu fim está próximo, o que representaria o encerramento de uma era na história da escrita. Contudo, se nos detivermos para além dessa impressão superficial que temos sobre o assunto, perceberemos que tais afirmações precisam ser repensadas.

       A escola, por exemplo, é um local que, salvo raríssimas exceções, comporta muitos manuscritos. Diários de classe, avaliações escolares, trabalhos de pesquisa, elaboração de cartazes e um sem-número de atividades pedagógicas dão a tônica da rotina escolar e, por conseguinte, produzem farta documentação manuscrita. Igualmente, o caderno escolar, utilizado diariamente pelos estudantes, é um manuscrito que perpassa a vida de todos os que cursam ou cursaram a escolarização básica. Não é difícil afirmar que qualquer pessoa que tenha alguém em sua casa em idade escolar pode encontrar, facilmente, um exemplar de manuscrito contemporâneo.

       Adentrando o campo profissional de inúmeros trabalhadores da área administrativa, é de se perguntar quem ainda não teve contato com o famoso post-it. Inventado em 1977 e lançado três anos depois, é usado atualmente para anotar telefones, transmitir pequenos recados ou mesmo para escrever lembretes invariavelmente afixados nas mesas e computadores dos escritórios, sempre de forma manuscrita.

       Hoje, devido à crescente utilização de computadores, o uso de manuscritos como documentação oficial está praticamente extinto. Contudo, em muitas ações de nosso dia a dia os manuscritos continuam presentes, como nas receitas culinárias, agendas de compromissos, receitas médicas e cartões postais, por exemplo, sendo de uso corriqueiro em ações que denotam informalidade. Logo, podemos dizer que com a mudança na sociedade, devido aos avanços tecnológicos, os manuscritos não deixaram de existir, mas apenas mudaram de função social.

 

Arquivo Público do Estado de São Paulo