Inventários e Testamentos
Inventários e testamentos são documentos diretamente relacionados com o momento derradeiro da vida de uma pessoa, isto é, a morte. A diferença entre esses dois tipos documentais reside no fato de que o primeiro é produzido no período anterior à morte da pessoa ao passo que o segundo é feito após o falecimento desta.
O inventário pode ser descrito, sumariamente, como uma lista pormenorizada dos bens, direitos e dívidas de uma pessoa falecida – daí que frequentemente é seguido pela expressão “post mortem” para diferenciá-lo de uma lista descritiva qualquer – com vistas a promover a partilha dos bens.
No que se refere aos testamentos, observando-os ao longo do tempo, percebemos inicialmente, a preocupação com a salvação da alma como algo muito presente, não sendo raro encontrarmos rogos de perdão a Deus ou mesmo encomendas de missas e instruções sobre velórios e sepultamentos, numa demonstração de que a salvação era tão ou mais importante que os bens deixados, por vezes escassos.
Com a ascensão do capitalismo no país, aliada à laicização da sociedade, os bens econômicos tornam-se predominantes nos testamentos e, a partir da consolidação da ética burguesa em nossa sociedade, estes passaram a refleti-la em seus conteúdos.
Atualmente, podemos defini-lo como o documento pelo qual um indivíduo determina o que espera que seja feito com seus bens, no todo ou em parte, após a sua morte, podendo também dispor sobre a tutoria de filhos, reconhecimento de filiação e outras declarações de última vontade. Em resumo, testamento seria a vontade testemunhada.
Diversas são as informações presentes nessa documentação, sendo possível, a partir de sua leitura, por exemplo, o estudo de crenças religiosas, dinâmicas sociais familiares, evolução patrimonial de proprietários de terra, tipos de vestimentas, hábitos alimentares, práticas de leitura ou mesmo da escravidão em diversos aspectos[*1]. Da forma ao conteúdo, a despeito de marcarem o fim de uma vida, são documentos riquíssimos em significados e possibilidades de análise, razão pela qual é tão importante a sua preservação.
