Exposição Virtual: A Revolta da Chibata

Depois da Revolta

Depois da experiência traumática na Ilha das Cobras, em abril de 1911, João Cândido foi encaminhado para o Hospital de Alienados. Segundo uma junta formada por médicos da Marinha, ele foi considerado louco ao ter visões de seus companheiros mortos.

No Hospital de Alienados, permaneceu até o dia 4 de junho de 1911, quando foi liberado pelo médico psiquiatra Juliano Moreira. A junta médica do hospital, após submeter João Cândido a exames, atestou que ele não apresentava nenhum distúrbio que justificasse a necessidade de sua permanência no hospital.

Após sua saída, foi novamente encaminhado para a prisão da Ilha das Cobras, onde permaneceu por mais 18 meses e de onde só saiu quando foi ouvido pelo Conselho de Guerra da Marinha.

Nesse tempo, não houve relato de castigos corporais, no entanto “o regime da prisão era desumano: água, bolacha, uma refeição que causaria náuseas aos porcos e a mais completa falta de higiene”1.

Para a sua defesa no julgamento, a Irmandade da Igreja Nossa Senhora do Rosário, protetora dos pretos, contratou advogados. Em setembro de 1912, foi julgado pela participação no motim da Ilha das Cobras, já que legalmente estava anistiado pelo caso da Revolta da Chibata. A decisão final foi a absolvição, o que lhe rendeu a liberdade. Porém, a partir daquele dia, João Cândido não faria mais parte do corpo de marinheiros da Marinha Brasileira, pois recebeu a informação de que fora expulso.


1 MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata. 4. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1896. p. 193.